São Paulo, Sexta-feira, 09 de Abril de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TEATRO
"Acordes Celestinos" estréia com Chachá e Gerson de Abreu
Musical leva Vicente Celestino e Chico Alves à comédia no céu

ERIKA SALLUM
da Reportagem Local

Três dos mais significativos atores cômicos da cena paulistana voltam a trabalhar em um mesmo espetáculo, prestando agora uma homenagem à música brasileira.
Ex-filhos do grupo Ornitorrinco, dirigido por Cacá Rosset, Ary França, José Rubens Chachá e Gerson de Abreu estréiam hoje a peça "Acordes Celestinos".
A montagem, que fica em cartaz até junho, é uma comédia musical em que a obra de artistas como Vicente Celestino, Carmem Miranda e Francisco Alves servem de pano de fundo para relembrar personalidades da cultura brasileira.
No total, serão mostradas ao público mais de 40 composições, sob direção musical dos maestros Miguel Briamonte e Abel Rocha.
O enredo foi escrito pelo próprio Chachá, a partir de uma proposta de Abreu. Os dois estarão no elenco, respectivamente, nos papéis de Chico Alves e Vicente Celestino.
Ary França, responsável por interpretações hilariantes no grupo Ornitorrinco, de "Ubu", desta vez ocupa somente a função de co-diretor. "Não tenho voz para isso", afirma, sem ressentimentos. "Ouvi falar tanto dessa montagem que só o fato de poder estar aqui e dar um "help" já é muito."
"Acordes Celestinos" não se baseia na vida de nenhum dos artistas citados. O que importa e será o foco da peça é o mito que o músico deixou no inconsciente coletivo.
"Quando decidimos escrever o texto, descobrimos que a vida do Vicente Celestino foi muito certinha, casou, amou a mulher e não bebia, apesar de "O Ébrio'", conta Chachá, rindo. "Isso não dá espetáculo. Então resolvemos contar a história de um outro jeito..."
A peça gira em torno da trupe de circo mambembe Irmãos Brandão, que viajam apresentando "O Ébrio". Mas o ator que interpretava Celestino foge, e o grupo transforma o que era drama em comédia -e passa a encenar uma peça ambientada no céu. Ali, Celestino encontra Carmem Miranda, Chico Alves e até Tom Jobim.
Compõem ainda o elenco os atores Ângela Dip, Lúcia Barroso, Paulo Bordhin, Samanta Caracanti e Maurício Moraes. Além deles, haverá participações informais de artistas convidados -já estão confirmadas as presenças de Tobias da Vai-Vai, Skowa (do Skowa e a Máfia), Wandi (do Premê) e André Abujamra.

Apelação
"Nossa música hoje é uma apelação tão grande que essa é uma boa oportunidade de trazer às pessoas o trabalho de gente boa como Vicente Celestino", diz Chachá.
Sem contar com nenhum tipo de patrocínio, apenas com o financiamento parcial do Fundo Nacional de Cultura -que emprestou à produção R$ 90 mil, a serem pagos em dois anos-, o elenco afirma que "não ficará parado esperando ajuda dos engravatados de Brasília", nas palavras de Chachá.
"Fazer esse espetáculo hoje, na raça, apesar de tantas dificuldades, é como dar um abraço na cidade, uma prova de amor. Em momentos complicados como este é que se precisa mais da gente, dos artistas", diz Ary França.
"Acordes Celestinos", como é característica do trabalho tanto de França como Chachá, vai usar a platéia como um personagem a mais. "Será uma interatividade "totosa", não vamos tirar a roupa de ninguém", brinca Chachá.
Para quem é dirigida a montagem? "Para todo mundo", afirma França. "De moço a velho, de leigos a especialistas em música."

Peça: Acordes Celestinos Direção: José Rubens Chachá e Ary França Com: Gerson de Abreu, José Rubens Chachá, Ângela Dip, entre outros Quando: quinta-feira, às 21h, sexta-feira e sábado, às 21h30, domingo, às 20h. Até o próximo dia 6 de junho Onde: teatro Studium (r. Rui Barbosa, 266, tel. 011/3171-1277, São Paulo, SP) Quanto: de R$ 15 a R$ 30 (120 min.)


Texto Anterior: Sherman assiste à estréia
Próximo Texto: Os "filhos" do Ornitorrinco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.