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9 DE JULHO
Diretores Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi lançam hoje em pré-estréia filme sobre o movimento popular paulista
Revolução de 32 vira documentário na TV
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Após 70 anos, a Revolução
Constitucionalista de 32 se transforma em documentário pelas
mãos dos diretores Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi.
"A Guerra dos Paulistas" tem
pré-estréia hoje, durante as comemorações do evento, na Assembléia Legislativa de São Paulo, e,
no próximo sábado, às 21h, será
exibido na TV Cultura.
"O convite para o projeto partiu
da própria TV Cultura", conta
Laís Bodanzky. "Mas foi surpreendente realizá-lo para mim,
que conhecia tão pouco desse
conflito. Espero que o filme consiga reproduzir esse sentimento
que eu tive, para que as pessoas
também se surpreendam."
O filme mescla imagens de arquivo com um roteiro ficcional,
escrito por Bolognesi, e depoimentos de ex-combatentes. "A
principal preocupação era com a
humanização do conflito. Quando se fala em guerra, a tendência é
mostrar um factual muito distante e frio. Acho que nessa hora é
importante ser afetivo. A ficção
veio dar essa emoção para o filme", explica o diretor e roteirista.
"Além disso, os personagens
dialogam com a história real. São
imagens fortíssimas de uma guerra que foi muito bem documentada, tanto pelo rádio quanto pelos
jornais. Então contamos, por
exemplo, que os estudantes de direito pegaram em armas a partir
da visão de um estudante", completa Bodanzky.
"Caras-pintadas"
Cerca de 2.000 pessoas morreram em três meses de luta pela
instalação da Constituinte prometida pelo presidente Getúlio
Vargas. "Chamamos os combatentes de "os caras-pintadas que
clamavam pela Constituição-Já'",
diz Bolognesi, em alusão às manifestações pelas Diretas-Já e contra
o governo Collor.
"Mas foi uma tragédia épica. Os
soldados eram, em sua grande
maioria, gente que nunca havia
tocado em armas. Eles eram voluntários, entre pequenos comerciantes e estudantes colegiais. Foram para a guerra em tom ufanista, em clima de Copa do Mundo
mesmo. Nas trincheiras, se depararam com a realidade, o frio e a
fome."
As imagens foram gravadas em
super-8, em preto-e-branco, sem
diálogos, recorrendo às antigas
cartelas do cinema mudo. "A memória do brasileiro é curta. Por
exemplo, se acredita que no Brasil
nunca houve guerra. E essa é uma
história recente", afirma a diretora, que estreou na direção de longas com "Bicho de Sete Cabeças",
em 2000.
Com pesquisa de Marcelo Aith,
o filme foi produzido em cerca de
dois meses e meio: "Foi uma doideira, mas havia fartura em material disponível. Acabou sendo
uma delícia de fazer. Além disso, a
revolução é uma história que merece ser revisitada, porque o nosso olhar também muda", diz Bodanzky.
"Também é uma maneira de dizer que o Brasil não é essencialmente pacifista como gostam de
nos fazer acreditar. Isso é balela.
Se preciso, as pessoas embarcam
no "vamos ver". Em 32, eram brasileiros contra brasileiros e os
constitucionalistas foram para a
batalha, mesmo tendo poucas
chances de ganhar o conflito",
completa Bolognesi.
A GUERRA DOS PAULISTAS - Direção:
Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi. Com:
Caco Ciocler, Zedu Neves, Thiago de
Brito. Narração: Selton Melo. Quando:
pré-estréia hoje, às 16h, na Assembléia
Legislativa (av. Pedro Álvares Cabral,
201, SP; entrada franca); estréia no
sábado (dia 13), às 21h, na TV Cultura.
Duração: 60 min.
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