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PALATNIK
Artista desconstruiu a racionalidade das engrenagens
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
A braham Palatnik viu no ciclo da máquina a terapia da
vida moderna. "Máquinas de Pintar e Máquinas de Desacelerar" é
uma exposição que acompanha o
artista na descoberta da irracionalidade da engrenagem.
A primeira obra da mostra é expressionista. "Natureza-Morta",
de 1947, atesta a preocupação do
jovem de 19 anos com a manifestação de estados psicológicos.
Um ano depois, Palatnik conhece a arte do inconsciente produzida sob orientação da espinozana
Nise da Silveira. Visita o serviço
de terapêutica ocupacional do
hospital psiquiátrico D. Pedro 2º,
no Rio de Janeiro, e mergulha em
crise de identidade.
A cabeça que liberta fantasias irrefreáveis é representada no desenho do paciente Raphael: "Retrato de Palatnik", também em exibição, funde um móbile ao modelo
em 1948.
A síntese criadora emerge do
período introspectivo de três anos
que se segue ao confronto com os
ateliês do inconsciente. Palatnik
relaciona, então, dois lados de sua
vida: artista e engenheiro.
"Cinecromáticos"
A partir de 1951, surgem os "Cinecromáticos". Tais circuitos experimentais para máquinas com
lâmpadas coloridas ficavam dentro de caixas translúcidas. Podemos apreciar seis deles, produzidos entre 1958 e 1969, num corredor escuro que preserva a hipnótica luminosidade cambiante das
peças ali apresentadas.
"Objetos Cinéticos" desvelam o
movimento calmoso. No cômodo
seguinte, os mecanismos escondidos por telas na série anterior,
agora abanam-se os braços. Embora ocultem rodas dentadas e
imãs, exibem hastes com pontas
escultóricas, orgânicas ou geométricas.
Mundos internos
Os movimentos resultam em
órbitas idiossincráticas. O sistema
de ponteiros gira de modo variado e harmônico, gerando mundos de ordem interna.
Contudo a impressão do conjunto de 14 "Cinéticos" é diminuída pela alternância das obras ligadas. Houve subdimensionamento
das instalações para a função simultânea e contínua de todos os
aparelhos.
Símbolos místicos aparecem.
Num objeto de centro, diversas
esferas metálicas rodam sobre um
tetragrama inscrito em dois círculos concêntricos.
Noutro, de 1965, um campo
magnético cria movimentos análogos em três planos de peças vermelhas, pretas ou verdes tanto em
cima como embaixo. A curadoria
pontua uma trajetória que ajudará o público da acelerada Paulista
no misterioso afinamento da rotação das paixões modernas por
meio de máquinas.
Máquinas de Pintar e Máquinas
de Desacelerar
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel.
0/xx/11/3268-1700)
Quando: de ter. a sex., das 10h às 21h;
sáb. e dom., das 10h às 19h; até 14 de
julho
Quanto: entrada franca
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