São Paulo, sábado, 09 de julho de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

Secretaria afirma administrar bem a cultura e ataca ações de museus privados

Governo de SP rebate crítica do Paço das Artes

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Quem não tem política cultural são alguns museus privados e não o Estado", afirmou o secretário-adjunto de Estado da Cultura, Fabio Magalhães, em resposta às críticas de Daniela Bousso, diretora do Paço das Artes, a partir da polêmica surgida com a mostra "Ocupação", em cartaz no local.
"O Estado é bom administrador da cultura, é só ver como ele nomeia bem. Como exemplo, temos o Paulo Herkenhoff, no Museu Nacional de Belas Artes, e o Marcelo Araújo, na Pinacoteca do Estado. O mesmo não acontece com museus privados, o Masp nem tem um curador", diz Magalhães.
Na última semana, Bousso divulgou uma carta na internet, na qual denunciava a "ausência total de políticas culturais públicas para o exercício da arte contemporânea", que gerou irritação na Secretaria de Estado da Cultura. "Creio que a Daniela se sentiu ameaçada pelas críticas em relação à exposição e preferiu se fazer de vítima, em vez de defender a exposição. A mostra em cartaz é muito inteligente, nunca me passou pela cabeça que ela tem a ver com penúria, como ela descreve", conta o secretário-adjunto.
"Eu não entrei em questões conceituais, pois busquei defender a instituição dos ataques. Mas concordo com o Fábio Magalhães que o projeto da ocupação é muito rico e tem várias questões conceituais brotando dele, só a idéia em si já é um ato conceitual", disse Bousso, à Folha, anteontem.
Na carta, Bousso afirma que o Paço tem funcionários "indecentemente pagos" e o espaço funciona sem verba para programação, informações contestadas por Magalhães: "A média salarial do Paço é de R$ 1.600, o que está na média dos museus em geral, e, como toda instituição pública, as verbas saem de forma burocrática. Neste ano, já foram liberados R$ 240 mil ao Paço, mais do que no primeiro semestre do ano passado, e ainda estamos buscando liberar mais verba para as comemorações dos 35 anos do Paço."
Com isso, o secretário-adjunto volta suas críticas aos museus privados: "São eles que não têm programação coerente. O Masp nem paga suas contas, e parte dos museus privados se transformou numa ação entre amigos. Ainda que tenham boas exposições, como a Faap e o MAM, são instituições invertebradas, sem política cultural", diz Magalhães.
Ainda segundo Magalhães, as críticas de Bousso são "injustas", pois "a prioridade que ela mesmo tem apresentado é em relação ao prédio e estamos finalizando a aprovação de um projeto, em parceria com a USP e a iniciativa privada, que irá transformar o Paço". Quando o projeto for implantado, diz o secretário, o portão da USP será transferido para depois do prédio do Paço, "o que irá tirar o local do isolamento" atual.
O edifício será então finalizado, já que o Paço ocupa apenas uma pequena área da construção, tendo inclusive salas de cinema.


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