|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CULTURAL
Secretaria afirma administrar bem a cultura e ataca ações de museus privados
Governo de SP rebate crítica do Paço das Artes
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quem não tem política cultural
são alguns museus privados e não
o Estado", afirmou o secretário-adjunto de Estado da Cultura, Fabio Magalhães, em resposta às críticas de Daniela Bousso, diretora
do Paço das Artes, a partir da polêmica surgida com a mostra
"Ocupação", em cartaz no local.
"O Estado é bom administrador
da cultura, é só ver como ele nomeia bem. Como exemplo, temos
o Paulo Herkenhoff, no Museu
Nacional de Belas Artes, e o Marcelo Araújo, na Pinacoteca do Estado. O mesmo não acontece com
museus privados, o Masp nem
tem um curador", diz Magalhães.
Na última semana, Bousso divulgou uma carta na internet, na
qual denunciava a "ausência total
de políticas culturais públicas para o exercício da arte contemporânea", que gerou irritação na Secretaria de Estado da Cultura.
"Creio que a Daniela se sentiu
ameaçada pelas críticas em relação à exposição e preferiu se fazer
de vítima, em vez de defender a
exposição. A mostra em cartaz é
muito inteligente, nunca me passou pela cabeça que ela tem a ver
com penúria, como ela descreve",
conta o secretário-adjunto.
"Eu não entrei em questões
conceituais, pois busquei defender a instituição dos ataques. Mas
concordo com o Fábio Magalhães
que o projeto da ocupação é muito rico e tem várias questões conceituais brotando dele, só a idéia
em si já é um ato conceitual", disse Bousso, à Folha, anteontem.
Na carta, Bousso afirma que o
Paço tem funcionários "indecentemente pagos" e o espaço funciona sem verba para programação,
informações contestadas por Magalhães: "A média salarial do Paço
é de R$ 1.600, o que está na média
dos museus em geral, e, como toda instituição pública, as verbas
saem de forma burocrática. Neste
ano, já foram liberados R$ 240 mil
ao Paço, mais do que no primeiro
semestre do ano passado, e ainda
estamos buscando liberar mais
verba para as comemorações dos
35 anos do Paço."
Com isso, o secretário-adjunto
volta suas críticas aos museus privados: "São eles que não têm programação coerente. O Masp nem
paga suas contas, e parte dos museus privados se transformou numa ação entre amigos. Ainda que
tenham boas exposições, como a
Faap e o MAM, são instituições
invertebradas, sem política cultural", diz Magalhães.
Ainda segundo Magalhães, as
críticas de Bousso são "injustas",
pois "a prioridade que ela mesmo
tem apresentado é em relação ao
prédio e estamos finalizando a
aprovação de um projeto, em parceria com a USP e a iniciativa privada, que irá transformar o Paço".
Quando o projeto for implantado,
diz o secretário, o portão da USP
será transferido para depois do
prédio do Paço, "o que irá tirar o
local do isolamento" atual.
O edifício será então finalizado,
já que o Paço ocupa apenas uma
pequena área da construção, tendo inclusive salas de cinema.
Texto Anterior: Bruxaria e marketing: Segredo cerca lançamento de Harry Potter Próximo Texto: Outro lado: Masp e MAM respondem aos ataques Índice
|