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"Trainspotting" busca síntese curta e grossa
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A estilizada cena do jovem que
mergulha de cabeça em uma privada em "Trainspotting - Sem Limites" (1996), o filme do britânico
Danny Boyle, é redimensionada
para um latão em "Trainspotting"
(2001), o espetáculo carioca que
chega a São Paulo, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), amparado na boa acolhida de público e
crítica no Fringe do Festival de
Teatro de Curitiba deste ano e na
temporada do Rio.
O diretor Luiz Furlanetto, conhecido de atuações nas montagens de Antunes Filho, como
"Gilgamesh", acredita que a
adaptação da peça por Harry Gibson (estreou em Londres em
1995) atinge uma espécie de síntese entre o filme ("muito piegas,
com final feliz") e a contundência
do romance original do escocês
Irvine Welsh ("Trainspotting",
1993).
"A gente faz uma montagem direta, curta e grossa, sem muitas
delongas, porrada em cima de
porrada, mas sem perder o sentido de humor", diz Furlanetto, 45.
A peça, o filme e o livro tratam
do cotidiano de jovens viciados
em heroína. Eles levam uma vida
sem perspectiva, entre festas, tráfico, roubos.
As relações de afetividade, de
amizade e de repulsa se dão em
torno do consumo da droga injetável. Entre as realidades que não
se abstêm, há a morte em consequência da Aids, um bebê que
morre por falta de comida e outro
que é abortado por um chute na
barriga da garota grávida.
As sensações dos personagens
em estados alterados são exasperantes. Apesar de expor as consequências, Furlanetto diz que não
se trata de erguer bandeira antidrogas. "Mostramos o que acontece com as pessoas que optam,
deixamos em aberto."
"É uma história humana, contemporânea, contada sob o prisma da heroína, droga que anuncia
a descoberta de um novo mundo,
mas se configura como uma parede de concreto nas idéias", afirma
o ator Pedro Osório, 26, que assume a produção do espetáculo. Em
São Paulo, os 12 atores e dois técnicos alugaram uma casa vizinha
ao TBC, viabilizando uma montagem sem patrocínio que, como os
personagens da peça, também é
posta à margem.
(VS)
TRAINSPOTTING - De: Harry Gibson,
baseado no romance homônimo de
Irvine Welsh.
Tradução: Arnaldo Marques e Laura Guimarães Rosa.
Direção: Luiz Furlanetto.
Com: Augusto Negrelly,
Pedro Garcia, Wilson Pirotti e outros.
Onde: Teatro Brasileiro de Comédia - sala
Assobradado (r. Major Diogo, 315, Bela
Vista, tel. 0/xx/11/3115-4622).
Quando: estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb., às 21h;
dom., às 20h. Até 30/9.
Quanto: R$ 15.
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