São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2001

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"Trainspotting" busca síntese curta e grossa

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A estilizada cena do jovem que mergulha de cabeça em uma privada em "Trainspotting - Sem Limites" (1996), o filme do britânico Danny Boyle, é redimensionada para um latão em "Trainspotting" (2001), o espetáculo carioca que chega a São Paulo, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), amparado na boa acolhida de público e crítica no Fringe do Festival de Teatro de Curitiba deste ano e na temporada do Rio.
O diretor Luiz Furlanetto, conhecido de atuações nas montagens de Antunes Filho, como "Gilgamesh", acredita que a adaptação da peça por Harry Gibson (estreou em Londres em 1995) atinge uma espécie de síntese entre o filme ("muito piegas, com final feliz") e a contundência do romance original do escocês Irvine Welsh ("Trainspotting", 1993).
"A gente faz uma montagem direta, curta e grossa, sem muitas delongas, porrada em cima de porrada, mas sem perder o sentido de humor", diz Furlanetto, 45.
A peça, o filme e o livro tratam do cotidiano de jovens viciados em heroína. Eles levam uma vida sem perspectiva, entre festas, tráfico, roubos.
As relações de afetividade, de amizade e de repulsa se dão em torno do consumo da droga injetável. Entre as realidades que não se abstêm, há a morte em consequência da Aids, um bebê que morre por falta de comida e outro que é abortado por um chute na barriga da garota grávida.
As sensações dos personagens em estados alterados são exasperantes. Apesar de expor as consequências, Furlanetto diz que não se trata de erguer bandeira antidrogas. "Mostramos o que acontece com as pessoas que optam, deixamos em aberto."
"É uma história humana, contemporânea, contada sob o prisma da heroína, droga que anuncia a descoberta de um novo mundo, mas se configura como uma parede de concreto nas idéias", afirma o ator Pedro Osório, 26, que assume a produção do espetáculo. Em São Paulo, os 12 atores e dois técnicos alugaram uma casa vizinha ao TBC, viabilizando uma montagem sem patrocínio que, como os personagens da peça, também é posta à margem. (VS)


TRAINSPOTTING - De: Harry Gibson, baseado no romance homônimo de Irvine Welsh.
Tradução: Arnaldo Marques e Laura Guimarães Rosa.
Direção: Luiz Furlanetto.
Com: Augusto Negrelly, Pedro Garcia, Wilson Pirotti e outros.
Onde: Teatro Brasileiro de Comédia - sala Assobradado (r. Major Diogo, 315, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3115-4622).
Quando: estréia hoje, às 21h; de qui. a sáb., às 21h; dom., às 20h. Até 30/9.
Quanto: R$ 15.



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