São Paulo, domingo, 09 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Audiência da TV paga se recupera e cresce

Após cair de 2006 a 2008, público sobe 42% em um ano; consumo fica estagnado

Histórico do serviço teve início tumultuado e muitas tentativas frustradas; a grande maioria ainda paga TV para ver canais abertos


Daryan Dornelles/Folha Imagem
O consultor de negócios André Moura, 29, acompanha TV paga desde os 12. Sua primeira operadora, em 1992, foi a TVA, no Rio. "Eram só cinco canais", lembra. Hoje ele também faz download pela web

DA REPORTAGEM LOCAL

A audiência dos canais pagos voltou a crescer no último ano. Entre meados de 2006 e de 2008, enquanto a base de assinantes aumentava a taxas de 15%, o público dos canais caiu. Voltou ao patamar de 2005.
Em junho do ano passado, os canais eram vistos por 243 mil pessoas por minuto, na média das 24 horas do dia, nas oito regiões metropolitanas em que o Ibope mede a audiência. Em junho passado, o público saltou para 344 mil, uma alta de 42%.
Segundo Alberto Pecegueiro, diretor-geral da Globosat, a queda de audiência entre 2006 e 2008 coincide com a digitalização das operadoras de cabo. Quando o serviço era analógico, era comum uma família pagar pelo ponto da sala de estar, por exemplo, e ter pontos extras piratas em dois quartos. Com a nova tecnologia, isso ficou inviável. Com menos pontos extras, a audiência retraiu.
O consumo de TV paga, no entanto, está no mesmo patamar de 2005. Em média, o telespectador fica 2 horas e 10 minutos diante dos canais por assinatura. Sinal de que a atratividade da TV não cresceu, ao contrário da web -cujo consumo subiu de 48 minutos, em 2003, para 1 hora e 18 minutos.
Muitos assinantes pagam para ver TV aberta. Mais de 67% da audiência vai para emissoras como Globo e Record; só 27% é de canais pagos, principalmente os infantis e de esportes, como indica o quadro ao lado.

Portaria definiu início
O marco escolhido para a celebração das duas décadas é, na verdade, arbitrário. A Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) escolheu 1989, quando foi baixada a portaria que regulamentou o setor.
Nessa época, as primeiras operadoras ofereciam pacotes com poucos canais, como CNN e ESPN, que não eram 24 horas, e usavam frequências codificadas de UHF e de microondas.
O começo foi duro para o telespectador, que lidava com conteúdo estrangeiro, às vezes sem legenda. Algo que até hoje ainda se repete na programação de alguns canais.
Em 1997, com Sky e DirecTV, as operadoras aumentaram a oferta, o que impulsionou a base de assinantes. Mas a expansão da cobertura geográfica hoje ainda é muito aquém da imaginada no início, bem diferente da presença da internet, em todos os municípios do país.
Outro problema que vem afugentando os consumidores é a demora na chegada de programas de sucesso nos EUA e que estão mais à mão na internet. Paulo Castro, do Terra, diz que vai ser cada vez mais difícil construir uma superaudiência simultânea que não aconteça numa transmissão ao vivo, como uma final de Copa do Mundo. "A fragmentação é grande. Se houver mais oportunidades para ver um programa, haverá mais público agregado. O modelo de exibição única é falido."


Texto Anterior: Internet assombra festa da TV paga
Próximo Texto: Pacotes engessados, preços e reprises irritam consumidores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.