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Festa funciona melhor com bloco do "eu sozinho"
Mesas com um só autor são as mais comentadas da Flip; diretor de programação vê risco de "chatice" no formato
Apesar da queda de público, organização faz balanço positivo; para idealizadora, edição foi a "mais interessante"
DOS ENVIADOS A PARATY
Assim como António Lobo
Antunes protagonizara a palestra mais comentada do
ano passado sem precisar de
parceria, também desta vez
os pontos altos da Flip saíram de apresentações solo.
Fernando Henrique Cardoso, Isabel Allende, Salman
Rushdie, Terry Eagleton e
Ferreira Gullar subiram ao
palco da Tenda dos Autores
acompanhados apenas de
um mediador.
A única exceção entre as
mais comentadas foi a que
reuniu Azar Nafisi e A.B. Yehoshua -cuja repercussão
muito se deveu à alta voltagem do conteúdo e à passionalidade dos debatedores.
Agendada para o período
nobre da Flip (a noite de sábado) e a mais aguardada
atração, a mesa dos cartunistas Robert Crumb e Gilbert
Shelton ganhou de última
hora um terceiro elemento (a
mulher de Crumb, Aline).
A apresentação ficou fragmentária e dividiu os fãs presentes: muitos se divertiram
com os resmungos de Crumb
e a dispersão de Shelton, mas
alguns deixaram a tenda antes do fim da apresentação.
O diretor de programação
da Flip, Flavio Moura, admite que é mais fácil um bom
convidado render sozinho.
"Mas é mais arriscado. Porque quando não rende, não
rende mesmo, e fica chato
para a plateia."
Sobre a participação de
Crumb, Moura disse achar
"sensacional que ele tenha
vindo, ficado todos os dias e
subido ao palco", lembrando
que, num festival na França,
ele desistiu no dia do debate.
Como já fizera no ano passado, o curador avaliou o resultado como positivo. "Superou todas as expectativas,
em todos os aspectos."
Para a idealizadora da festa, a inglesa Liz Calder, esta
edição foi "a mais interessante de todas", pelo "programa
variado, com assuntos e autores diferentes".
O diretor da Casa Azul (associação que organiza a
Flip), Mauro Munhoz, foi
evasivo na coletiva ao responder se Moura será mantido como curador em 2011.
Depois da entrevista, Calder, que desde o início lidera
a Flip com Munhoz, elogiou o
trabalho de Moura e disse à
Folha que não considera tirá-lo da função.
PÚBLICO MENOR
Segundo os organizadores
da Flip, passaram por Paraty
nos cinco dias de festa entre
15 mil e 20 mil pessoas. No
ano passado, haviam sido
mais de 20 mil visitantes.
A queda se deve, na avaliação da organização, à mudança de julho (mês em que
ocorre tradicionalmente) para agosto, por causa da Copa.
(FABIO VICTOR, IVAN FINOTTI, PLÍNIO FRAGA E ROBERTO KAZ)
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