São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2005

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COLEÇÃO FOLHA

Um dos maiores maestros de sua época, ele teve reconhecimento póstumo e gradativo como compositor

Volume explora grandiosidade de Mahler

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele foi um dos maiores maestros de sua época e compôs o último grande ciclo de sinfonias da tradição austro-alemã. Na semana que vem, a Coleção Folha de Música Clássica apresenta a "Sinfonia nš 1" de Gustav Mahler (1860-1911).
"Sou três vezes apátrida, como natural da Boêmia na Áustria, como austríaco entre alemães e como judeu no mundo inteiro", disse certa vez. "Em toda parte sou intruso, nunca bem-vindo."
A sensação de deslocamento e angústia constante permeia toda a sua produção. Tidas como um "doloroso adeus ao romantismo", suas obras são caracterizadas por monumentalismo, orquestração grandiosa, sentimentalidade exacerbada, alternâncias bruscas de estados de espírito e uma dificuldade de execução que fazem delas o veículo ideal para qualquer grande orquestra mostrar sua excelência técnica.
Em vida, foi reconhecido pelo enérgico trabalho de regente, à frente da Ópera de Viena e da Filarmônica de Nova York. Como compositor, contudo, o reconhecimento foi póstumo e gradativo. Logo após sua morte, um crítico chegou a escrever: "Não conseguimos visualizar como qualquer de suas composições poderá sobreviver-lhe muito tempo".
Mahler dizia que "a sinfonia é o mundo" e recheou de elementos autobiográficos sua primeira obra no gênero, iniciada em 1885, quando dava os primeiros passos em sua carreira como maestro.
O termo "Titã", pelo qual a sinfonia, por vezes, é designada, não vem da mitologia, mas da novela homônima de Jean Paul (1763-1825), expressando, assim, os temas problematizados pelo protagonista Albano: amor, amizade, morte, eternidade e, acima de tudo, o amor pela natureza.
Na obra, cita as "Canções de um Viajante", de sua autoria, inspiradas por um caso de amor infeliz; imita o canto de pássaros no primeiro movimento; e, no terceiro, toma a canção de ninar "Bruder Martin, Schlafst du Noch" e a transfigura em marcha fúnebre. Uma teia de citações que ilustra à perfeição o princípio de que "a sinfonia deve abranger tudo".

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