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Cinema/estréias - Crítica/"Planeta Terror"
Horror tolo de Rodriguez rende dois ou três risos amarelos
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em "Planeta Terror",
Quentin Tarantino é
produtor e ator. Aliás,
Tarantino sempre dá uma força
para Robert Rodriguez. Deve
ser para que, pela comparação,
todos possamos renovar nossa
admiração por ele mesmo
quando não dirige o filme.
Em "Planeta Terror", o enigma sugerido é: como arranjar
as peças para chegar a um horror tão pouco memorável. Se é
para levar a sério, as possibilidades são mínimas. Existe, para começar, um grupo de mutantes (vítimas de uma história
na Guerra do Golfo) que precisa inalar gás para não se dissolver e que sai de uma base militar comendo os passantes.
Há, em seguida, um hospital,
onde são recebidas vítimas dos
mutantes e onde há um casal de
médicos perversos (em relação
aos pacientes e em relação a um
ao outro). E existe o herói El
Wray (Freddy Rodríguez), um
fora-da-lei disposto a reconquistar sua amada, a dançarina
Cherry (Rose McGowan).
Os clichês se acumulam fazendo lembrar uma multidão
de filmes -de zumbi, de médicos dementes e outros. Não são
mais do que clichês que, à força
da obviedade, Rodriguez -como em outros de seus filmes-
parece querer nos fazer acreditar que está acima deles.
Pode-se pensar então em um
efeito cômico. Também não dá
pé. Se comparado aos filmes de
Ivan Cardoso, por exemplo...
Não dá nem para comparar: a
diferença, para começar, é que
este abacaxi é lançado nos cinemas; já os filmes mais recentes
de Cardoso, não.
Do que se poderia rir, afinal?
De um bar de estrada nojento
que aspira a ganhar o título de
melhor churrasco? De um estuprador mutante cujos órgãos se
decompõem na hora de estuprar uma mulher?
Talvez a única tirada aceitável ao longo de todo o filme seja
a de Cherry, a garota bonita da
história, que, após ter a perna
devorada por um mutante, acaba recebendo, como implante,
uma metralhadora. Isso rende
dois ou três risos amarelos.
"Planeta Terror" tende, no
entanto, a encontrar um mercado em espectadores que
apreciam os exercícios paródicos aos quais alguns intitulam
-tão gastos quanto o humor do
filme- de metalinguagem.
PLANETA TERROR
Direção: Robert Rodriguez
Produção: EUA, 2007
Com: Rose McGowan, Bruce Willis
Quando: em cartaz nos cines Bombril,
Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: ruim
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