|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
YouTube leva novata a Sundance
Clarice, 18, protagoniza curta vencedor de concurso na internet, que será exibido em festival de cinema
Filha de Adriana e João
Falcão, que cantou na trilha
de "Lisbela", também compôs
música do vídeo "Laços", visto
mais de 145 mil vezes na web
RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL
É Clarice, sem complemento,
o nome "artístico" da menina
que estrela a única produção
nacional a ser exibida em janeiro próximo no Festival Sundance (EUA), o maior do cinema independente no mundo.
Ela está em "Laços", de Flávia Lacerda, que venceu o concurso internacional de curtas
do YouTube, na última quarta,
após passar por seleção da
equipe do cineasta Jason Reitman ("Obrigado por Fumar") e
pelo crivo de internautas do
mundo todo. A exibição em
Sundance faz parte do prêmio.
O sobrenome que omite é conhecido. Clarice é filha do diretor João Falcão e da roteirista
Adriana Falcão, ambos de "A
Máquina" -Adriana fez também o roteiro de "Laços". "É
que "Clarice" é forte sozinho.
Como penso em fazer algo em
música, funciona assim", diz a
moça de 18 anos, pele branquinha e sotaque entre o sulista e o
paulistano, embora seja de Recife e more no Rio desde pequena ("É, todos acham que falo estranho...", conforma-se).
A história da menina que conhece um rapaz bizarro após a
morte do pai ganhou de não se
sabe quantos concorrentes (o
Google não divulga) nem com
quantos votos (idem). Mas superou ao menos 19 produções
de outros cinco países que estavam na final, mais dezenas que
não chegaram perto.
O vídeo custou pouco mais
de R$ 2.000, rendeu US$ 5.000
(cerca de R$ 9.000) e deu a Clarice aquela espécie de reconhecimento imediato que a internet permite -não de ser parada
nas ruas, mas de receber e-mails e scraps de congratulações. Até a noite da última
quinta-feira, sua atuação tinha
sido vista 145 mil vezes.
Atriz, cantora, cineasta
Clarice ainda não sabe em
que circunstância "Laços" será
exibido em Sundance nem se
conseguirá tirar visto a tempo
de ir lá ver com os próprios
olhos. "Só ligaram pra gente pra
dizer que vão ligar depois", diz.
Mas percebeu que, até mais
que sua atuação, o que chamou
a atenção dos internautas foi a
música de abertura do curta, o
popzinho meigo "Australia",
com letra em inglês, composto
e cantado por ela própria.
A música foi feita para "Laços" em um dia, assim como a
melodia -ou parte dela, já que
o primo Ricco Viana, músico,
deu uma força depois. "Só sei
três acordes", desculpa-se a ex-aluna de canto e teatro.
A moça tem outras canções
que não mostra a ninguém.
Com os elogios a "Australia",
pensou em montar uma página
no MySpace (o endereço
www.myspace.com/clarice
está ocupado. Talvez usar o sobrenome ajude). Não sabe ainda se fará isso, assim como não
tem certeza de se quer seguir
carreira como cantora, cineasta, roteirista, atriz...
Experiência, com a ajuda da
família, ela tem. O pai a pôs no
elenco da peça infantil "A Ver
Estrelas" e do filme "Fica Comigo" (2006), e também na trilha de "Lisbela e o Prisioneiro"
(2003) -em que ela canta, com
menos graça do que canta hoje,
"Para o Diabo os Conselhos de
Vocês". Para a mãe, foi garota-propaganda do livro "Luna Clara e Apolo 11", e ainda arriscou
uns versos na banda do primo
Ricco, a Vermelho 27.
Os planos de ser cineasta encontraram um atalho quando
ela conseguiu uma vaga na PUC
ao fim do segundo ano colegial.
"Não podia, mas fiz supletivo e
entrei. Não ia estudar para vestibular se já tinha passado!"
Ao fim do terceiro semestre,
a caçula da turma acha que a
idade passa despercebida.
"Quase ninguém sabe. Quando
descobrem, dizem: "Que fofa!", e
depois esquecem." Foi na faculdade que ficou mais amiga de
Célio Porto, 17, o tal rapaz que
encontra em "Laços". Com ele,
criou e atuou ainda em outro
curta, "Dois Menos Dois" -no
qual, sem nenhuma fala, o amigo até que se sai bem.
Veja os curtas-metragens "Laços" e "Dois Menos Dois" folha.com.br/ilustradanocinema
Texto Anterior: Ferreira Gullar: Pobre, eu ria à toa Próximo Texto: Oscar da internet elege vídeos mais influentes Índice
|