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BIA ABRAMO
Como fazer alquimia às avessas
No "Superpop", toda a possibilidade de insinuar sexualidade ou violência será aproveitada
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O "SUPERPOP" , um dos carros-chefes da Rede TV!, está no ar
há mais de oito anos, é exibido cinco dias por semana, de segunda a sexta, e continua sendo uma das
maneiras mais vazias de perder tempo da televisão brasileira. Ver o programa vez por outra pode se converter num campo de investigação interessante para observar como, na televisão, se faz alquimia às avessas, ou
seja, transforma-se chumbo em
chumbo mesmo.
Há Luciana Gimenez, alta e, hoje
em dia, até que bem desenvolta. Por
vezes simpática, por vezes engraçada, ela preenche o palco e o tempo
com sua enorme vaidade e a total falta de critério. As chamadas atrações
do programa obedecem à mais simples lógica do entretenimento: se
tem alguma proximidade, tangencial que seja, com os chamados "famosos", está valendo; qualquer título auto-atribuído (modelo, manequim, ator, atriz, ex-mulher) serve
de credencial; toda a possibilidade
de insinuar sexualidade, violência
ou escândalo será aproveitada.
Há os comerciais de produtos que
dizem emagrecer, de tintura para cabelo que dizem embelezar, de todo
um arsenal de artifícios para o qual a
apresentadora empresta o nome e,
por assim dizer, a autoridade. É impressionante como se trata com naturalidade o fato de a propaganda invadir os horários de programação
com a maior sem-cerimônia.
Entre imagens desfocadas, artistas irritados e flagrantes de cenas totalmente banais, um paparazzo inconveniente gaba-se de cenas de interesse ou oportunidade jornalístico
zero. O estilista Ronaldo Esper, às
vezes tão "détraqué" que esquece o
que está fazendo no palco, cospe maledicências sobre o modo como se
vestem ou se penteiam mulheres e
homens que aparecem na mídia.
E o tempo passa, entre desfiles de
lingeries e comentários dos convidados, cuja razão de estar ali é poder
dar seus telefones de contato, caso se
precise do moço que está na capa da
revista "G" ou de uma modelo desconhecida. Num dia bom, haverá alguma entrevista ou reportagem "polêmica" ("a BBB que se apresenta como miss não tem esse título") em
torno de alguma celebridade ou aspirante; num dia morno, nem isso.
Amanhã tem mais. Do mesmo.
Da série televisão x educação: o
Cartoon Network montou uma programação especial para hoje, que
vem sendo chamado de "o último dia
de liberdade" -amanhã, a maioria
das escolas inicia o ano letivo. Não
há problema nenhum em celebrar as
férias, mas comparar a volta à escola
à perda da liberdade é jogar contra.
biabramo.tv@uol.com.br
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