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Crítica
Glauber Rocha filma "nonsense" político
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Canal Brasil, outrora canal
de filmes brasileiros, afastou do
horário nobre praticamente
qualquer vestígio deles. Agora é
preciso entrar na madrugada
para ver um nacional, seja bom
ou não. Hoje, aliás, é dia de biscoito fino. Para muitos, "Terra
em Transe" (0h20, não indicado para menores de 18 anos)
é o melhor de Glauber Rocha.
Com efeito, existe ali uma
encenação de nosso "nonsense" político (em princípio, nos
idos de 1960, uma alegoria do
golpe militar) que, a princípio,
nada tem de realista. No entanto, cada vez que atentamos ao
andar errático de José Lewgoy
(Felipe Vieira), ao olhar sempre no além de Paulo Autran
(Porfirio Diaz), aos desesperados movimentos de Jardel Filho (o jornalista Paulo Martins), parece que essa representação hiperbólica é a única capaz de dar conta de um destino
tão destemperado.
Ainda hoje, atentar a "Mocinho Encrenqueiro" (14h20;
12 anos), de Jerry Lewis, e
"Monsieur Verdoux" (17h40,
livre), de Chaplin, ambos no
Telecine Cult.
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