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Diretor de DVDs inventa a "câmera-carne"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
A caixa de DVDs "Festival de Teat(r)o Oficina",
que a companhia lança
amanhã, em sua sede, em
São Paulo, inclui registros
de "Ham-let", "Bacantes",
"Cacilda!" e "Boca de Ouro". Amostras do trabalho
desenvolvido pelo grupo
nos anos 90, os espetáculos foram reencenados em
2001 para permitir a captação audiovisual.
Responsável pelas imagens (no caso de "Bacantes" e "Ham-let", em parceria com Elaine Cesar), o
videoartista Tadeu Jungle,
52, filmou duas apresentações de cada peça com oito
câmeras. Sua maior preocupação era fugir da estagnação do "teatro filmado":
"Criamos a câmera-carne, aquela que se aproxima tremendamente do
ator, está praticamente
colada a ele, sente a sua
respiração e transpiração.
O teatro é presencial por
natureza. Para se fazer algo interessante em termos
de audiovisual, é preciso ir
além disso. O ganho aqui é
o som Dolby e a possibilidade de ter 16 pontos de
vista, quando, in loco, só se
tem um", diz o diretor.
Segundo Jungle, os registros correspondem ao
que seria um passeio pelos
diferentes andares do Oficina durante um espetáculo. "O vídeo visita cada pavimento, tenta antropofagicamente comer todos
eles. Evidentemente que
você não tem todas as
perspectivas ao mesmo
tempo, mas um tour por
todos os pontos de vista
que o teatro permite."
E completa: "Mais do
que privilegiar o detalhe, a
ideia é contemplar o multiolhar, que é o que o projeto da [arquiteta] Lina Bo
Bardi (1914-1992) previa".
Jungle explica que os
DVDs (com legendas em
três línguas, além do português) só estão sendo
lançados agora por conta
de entraves ligados à liberação das músicas usadas
nas peças. Só em "Cacilda!", foram 98. A caixa
chega às lojas até o fim do
mês. Será possível comprar DVDs avulsos.
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