|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Arquivos de Ben Jor viram CD de inéditas
Cantor retrabalhou gravações antigas, encontradas no acervo da Som Livre
Além do novo álbum, três discos dos anos 80 ganham relançamento em CD; DVD com programa de 1982 completa o pacote
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com 44 anos de carreira em
disco, Jorge Ben -hoje Jor-
passou por e desencadeou algumas revoluções na música brasileira. Em seu começo pós-bossa nova e pré-jovem guarda
e tropicália, mostrou novas
possibilidades do samba moderno, com "Mas Que Nada" e
seu "Samba Esquema Novo".
Entre o fim da década de 60 e
começo de 70, fez sucesso na
voz de Wilson Simonal, teve
um segundo auge e, ao lado do
Trio Mocotó, criou um som a
partir do qual se gerou todo um
estilo, o samba-rock.
Quando chegou a década de
80, passou por fase de transição, sem tanto sucesso, mas
fundamental para seu próximo
passo: a mudança para Ben Jor
e o sucesso de "W/Brasil", música que alguns consideram o
ponto máximo de definição de
sua obra mais recente.
É exatamente essa fase de
transição, que transcorreu
aproximadamente entre 1979 e
1986, que volta a ganhar destaque na carreira do compositor.
A gravadora Som Livre, que
abrigava Jorge Ben nesse período, resolveu sacudir a poeira
de seu acervo e relançar em CD
três discos que continuavam
inéditos no formato.
Nessa empreitada, aconteceu uma surpresa: durante o
processo de redescoberta das
masters, a equipe da gravadora
encontrou um punhado de canções inéditas, sobras das gravações oficiais. A idéia original
era incluí-las como faixas bônus, mas Ben Jor, que ouviu e
se animou, resolveu retrabalhá-las e lançar tudo em um
disco novo, todo inédito. Nasce,
assim, "Recuerdos de Asunción
443" -nome que homenageia a
própria Som Livre, com sede na
rua Assunção, 443.
"Gostei de reconhecer essas
músicas que fiz há 20 anos e das
quais nem me lembrava", comentou Ben Jor por trás de
seus habituais óculos escuros,
em entrevista coletiva no começo da semana. "Algumas
dessas músicas foram feitas sob
encomenda, algumas para trilhas de novela, e não foram
aceitas. Algumas tinham letras
inacabadas ou faltava algum
instrumento, então eu fiquei
mais ou menos dois meses
completando as gravações."
Aproveitando o embalo, o
cantor incluiu ainda uma faixa
bônus recém-gravada, a improvável "Emo", de surreais versos
como "pra você, meu amigo
emo / muita luz, muito sol".
"Acho o emo uma coisa maravilhosa, eles se vestem como
querem, falam com os amigos
na internet, são alegres e tristes, tudo no mesmo dia, ao mesmo tempo.", explica Ben Jor.
Bizarrices à parte, sai também agora no mesmo pacote
(mas esse pela Biscoito Fino) o
espalhafatoso DVD "Energia",
com especial de Ben na TV Globo em 1982, com participações
de Baby Consuelo, Tim Maia,
Caetano Veloso e Fábio Jr.
Para 2008
E a fonte ainda não secou.
Ben Jor admite que praticamente todos os seus discos têm
sobra de estúdio, graças ao seu
ritmo prolixo de gravação. A
idéia é relançar os outros quatro discos que o músico fez na
Som Livre e, no ano que vem,
embalar tudo em uma caixa.
Marcus Vinicius Castro, coordenador de produto da gravadora, contou à Folha que já foram dados "oito de dez passos"
para que o novo disco de Ben
Jor, de inéditas, saia pela gravadora no ano que vem.
E como a controvérsia do
momento é a biografia interditada de Roberto Carlos, o assunto veio à tona. Ben Jor, defendendo a classe com uma
certa ingenuidade, apoiou o
gesto do colega de profissão:
"Biografia você tem que estar a
par. O Washington Olivetto está fazendo uma minha e já me
disse que lança só quando eu
achar que é o momento certo".
Texto Anterior: Marcos Augusto Gonçalves: Manos Próximo Texto: Crítica: CDs e DVD têm clima bizarro dos anos 80 Índice
|