São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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POP/"LARANJAS DO CÉU"

Darma Lóvers une budismo e arte

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

A música, hoje, existe basicamente em dois universos: é arte quando feita com "qualidade" ou "honestidade"; é mero produto de consumo quando o lucro dita as regras (e fica em uma zona nebulosa quando serve como instrumento religioso).
Há aqueles, como o grupo gaúcho Os the Darma Lóvers, que procuram driblar essa realidade. Em seu terceiro disco, "Laranjas do Céu", encontram outra via -Nenung e Yang Zam, os criadores da banda, são budistas.
O que os impede de ser apenas mais um grupo destinado à conversão de fiéis, dono de letras caricaturais e pedantes, é uma vocação pop que vem do passado de seus integrantes. O vocalista e compositor Nenung tocava, no final dos anos 80, na extinta banda de rock Barata Oriental; a parceira Yang Zam era a produtora.
"Naquela época, já éramos meio ETs. Eu estava saturado de tudo, em todos os aspectos", conta Nenung. A descoberta do budismo serviu de impulso para a criação do grupo. "A música é a base de nossa expressão." No começo, em 1999, apenas com voz e vilão, foram "empurrados" para o palco pelo punk Wander Wildner, fã e incentivador da banda. Conquistaram ainda fãs como Kassin e Miranda -eles estão entre os diferentes produtores do disco.
"Laranjas do Céu", o novo disco, vem após um retiro espiritual de 19 meses da dupla. Como o budismo é, antes de religião, uma filosofia, as letras trazem conceitos já comuns para fãs de, por exemplo, Legião Urbana (há uma versão para "Quando o Sol Bater na Janela de Seu Quarto"). Permeiam o disco questões como desapego, transitoriedade, carma etc. Há um público sedento por "mensagens" -o sucesso do Los Hermanos é uma prova disso. No caso do Darma Lóvers, ideologia e arte são uma coisa só. Laranjas do Céu
   
Artista: Os the Darma Lóvers
Quanto: R$ 20 (independente; contato: darmalovers@terra.com.br)

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