Peça brilhante de propaganda ambiental é título obrigatório

"Al Gore acha que isso é importante e o filme dele é um sucesso, e isso me causa um sofrimento sem fim." Foi assim que o jornal inglês "The Independent" traduziu, na sexta-feira retrasada, a frase de George W. Bush reconhecendo (da boca para fora) a importância da mudança climática.
Pode até ser que "Uma Verdade Inconveniente" não tenha tocado o coraçãozinho do irredutível presidente dos EUA. Mas o filme de Davis Guggenheim, que relata a campanha do rival de Bush contra a crise do clima, certamente ajudou a colocar no topo da agenda mundial um tema que, até poucos anos atrás, era visto como "alarmismo" de "ecochatos".
O já clássico panfleto educativo/político/científico estrelado por Gore ganhou o Oscar e sai agora em nova versão em DVD. Pouca coisa mudou em relação à anterior: a mais notável é uma capinha fina em papel reciclado, que gasta menos energia para ser produzido (além do mais, plástico é feito de petróleo, e o petróleo, ensina Gore, é nosso inimigo).
A edição brasileira vem acompanhada de documentário dos ativistas do Greenpeace, que relata casos de como o aquecimento já estaria afetando o Brasil.
De resto, é o mesmo show de Gore: um ego imenso, uma verve hipnotizante e um didatismo ímpar moldando uma peça de propaganda (eleitoral e ambiental) brilhante. Um filme obrigatório para os tempos que estão aí.