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Caçula de Tom grava "Wave" para novela
Maria Luiza, que dividiu vocais com o pai na infância, canta tema de "Páginas"
A filha homenageada por
Tom Jobim em "O Samba
de Maria Luiza" aceitou
convite de Manoel Carlos
para cantar clássico do pai
RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ao assistir a "Páginas da Vida", novela das oito que estréia
hoje, preste atenção na versão
cantada de "Wave" na trilha sonora. Quem divide os vocais
com Daniel Jobim, 33 (neto de
Tom Jobim e que também esteve na trilha de "Belíssima", cantando "Bonita Demais"), é uma
moça de 19 anos quase sem experiência musical, mas cuja voz
você pode ter ouvido antes.
Explica-se: Maria Luiza Jobim era uma menina de sete
anos, de "cabelo amarelo, dos
"óio" cor de chuchu", quando
gravou "O Samba de Maria Luiza" com o pai, Tom. A música
entrou no álbum "Antônio Brasileiro", de 94, ano em que o
maestro viria a morrer, aos 67.
Aquela precoce estréia musical, graciosamente desafinada e
finalizada com uma repreensão
carinhosa ("Não fala que grava", diz o músico baixinho ao
fim da canção, depois que a menina pede: "De novo!"), não era
um projeto para revelar um talento. Era coisa de pai coruja,
como lembrança de família que
se guarda para a posteridade.
Tampouco, diz Maria Luiza,
existem pretensões artísticas
na gravação de "Wave". "Minha
técnica musical hoje é a mesma
de quando eu tinha sete anos",
brinca. Ela afirma ter sido pega
de surpresa pelo convite para
cantar com Daniel, filho de seu
meio-irmão, o produtor musical Paulo Jobim, 56 (Paulo é filho de Tom com Thereza; Maria Luiza é filha dele com a segunda mulher, Ana). "O Daniel
me ligou perguntando se eu topava. Tomei um susto." A idéia
de incluir a voz da moça na trilha foi do próprio Manoel Carlos, autor da novela.
Após uma tarde de ensaios na
casa do sobrinho, Maria Luiza
encarou o estúdio. O resultado
é uma voz que, às vezes, soa tímida, mas acerta na delicadeza.
"A Lulu não cantava fazia
tempo. O contato que teve com
meu pai ao piano era enquanto
ela ficava no chão, desenhando", conta Paulo, que participou da gravação de "Wave" ao
violão. Na infância, a caçula de
Tom gravou algumas poucas
músicas, como "Chega de Saudade", também com o pai, e "A
Felicidade", que entrou na trilha do filme "Orfeu" (99).
Luiza diz que não quer ser
cantora. "Levei como uma
brincadeira. Estudo arquitetura, e minha idéia, por enquanto,
é estagiar na área para ver se
gosto." Está certo que o pai e o
meio-irmão fizeram o mesmo
curso antes de enveredar para a
música, mas ela prefere não falar disso. Evita comentar que
fez aulas de piano, violão e bateria e diz não se lembrar bem
de quais gravações participou.
E, caso resolva trilhar o caminho da família, provavelmente
não será no estilo de que seu pai
foi um dos criadores. Nascida
em berço da bossa, foi encontrar ídolos no cenário do rock
alternativo, em bandas cariocas
como Mop Top e Binário.
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