São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Caçula de Tom grava "Wave" para novela

Maria Luiza, que dividiu vocais com o pai na infância, canta tema de "Páginas"

A filha homenageada por Tom Jobim em "O Samba de Maria Luiza" aceitou convite de Manoel Carlos para cantar clássico do pai


RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ao assistir a "Páginas da Vida", novela das oito que estréia hoje, preste atenção na versão cantada de "Wave" na trilha sonora. Quem divide os vocais com Daniel Jobim, 33 (neto de Tom Jobim e que também esteve na trilha de "Belíssima", cantando "Bonita Demais"), é uma moça de 19 anos quase sem experiência musical, mas cuja voz você pode ter ouvido antes.
Explica-se: Maria Luiza Jobim era uma menina de sete anos, de "cabelo amarelo, dos "óio" cor de chuchu", quando gravou "O Samba de Maria Luiza" com o pai, Tom. A música entrou no álbum "Antônio Brasileiro", de 94, ano em que o maestro viria a morrer, aos 67.
Aquela precoce estréia musical, graciosamente desafinada e finalizada com uma repreensão carinhosa ("Não fala que grava", diz o músico baixinho ao fim da canção, depois que a menina pede: "De novo!"), não era um projeto para revelar um talento. Era coisa de pai coruja, como lembrança de família que se guarda para a posteridade.
Tampouco, diz Maria Luiza, existem pretensões artísticas na gravação de "Wave". "Minha técnica musical hoje é a mesma de quando eu tinha sete anos", brinca. Ela afirma ter sido pega de surpresa pelo convite para cantar com Daniel, filho de seu meio-irmão, o produtor musical Paulo Jobim, 56 (Paulo é filho de Tom com Thereza; Maria Luiza é filha dele com a segunda mulher, Ana). "O Daniel me ligou perguntando se eu topava. Tomei um susto." A idéia de incluir a voz da moça na trilha foi do próprio Manoel Carlos, autor da novela.
Após uma tarde de ensaios na casa do sobrinho, Maria Luiza encarou o estúdio. O resultado é uma voz que, às vezes, soa tímida, mas acerta na delicadeza.
"A Lulu não cantava fazia tempo. O contato que teve com meu pai ao piano era enquanto ela ficava no chão, desenhando", conta Paulo, que participou da gravação de "Wave" ao violão. Na infância, a caçula de Tom gravou algumas poucas músicas, como "Chega de Saudade", também com o pai, e "A Felicidade", que entrou na trilha do filme "Orfeu" (99).
Luiza diz que não quer ser cantora. "Levei como uma brincadeira. Estudo arquitetura, e minha idéia, por enquanto, é estagiar na área para ver se gosto." Está certo que o pai e o meio-irmão fizeram o mesmo curso antes de enveredar para a música, mas ela prefere não falar disso. Evita comentar que fez aulas de piano, violão e bateria e diz não se lembrar bem de quais gravações participou.
E, caso resolva trilhar o caminho da família, provavelmente não será no estilo de que seu pai foi um dos criadores. Nascida em berço da bossa, foi encontrar ídolos no cenário do rock alternativo, em bandas cariocas como Mop Top e Binário.


Texto Anterior: Guilherme Wisnik: Multiplicação sem promessa
Próximo Texto: Foco: Paris vê última sessão de fotos de Marilyn Monroe
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.