São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2008

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Vinicius é tema do terceiro livro-CD da Coleção Folha

O poeta é personagem do volume que chega às bancas no próximo domingo

CD traz as 12 faixas do disco "Vinicius & Odette Lara", de 1963, que tem apenas parcerias do poeta com o violonista Baden Powell


DA REPORTAGEM LOCAL

Autor de clássicos da música popular brasileira, como "Garota de Ipanema" (com Tom Jobim), "Arrastão" (com Edu Lobo) e "Minha Namorada" (com Carlos Lyra), o poeta e letrista Vinicius de Moraes (1913-1980) é o personagem do terceiro volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que tem textos do escritor Ruy Castro e chega às bancas no próximo domingo, dia 17.
Carioca, de uma família de origem aristocrática que apreciava as artes, Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes estudou direito e ingressou no Itamaraty, em 1943, para se tornar diplomata. Exercendo a função de vice-cônsul, viveu em Los Angeles, nos Estados Unidos. Já na década de 50, morou na Itália.
Não é exagero dizer que sua vida e sua imagem pública mudaram radicalmente após o advento da bossa nova. Antes de 1958, Vinicius dividia seu dia-a-dia entre as obrigações da carreira diplomática e o ofício de poeta. Porém, depois que algumas das canções que fez em parceria com Tom Jobim (em especial "Se Todos Fossem Iguais a Você", "Chega de Saudade" e "A Felicidade") se tornaram grandes sucessos, ele se aproximou cada vez mais da música popular e da boemia.
Mas não foi sem enfrentar preconceitos dos colegas e de outros intelectuais que o erudito diplomata e poeta -tratado de igual para igual por figurões do gênero, como o chileno Pablo Neruda ou a norte-americana Elizabeth Bishop- aderiu ao balanço da bossa de Tom Jobim e João Gilberto.
Ironicamente, muitos dos que criticaram Vinicius por ter trocado a erudição poética pelos ritmos da música popular jamais souberam que ele já era compositor gravado antes mesmo de ter seu primeiro poema publicado em livro.
Sua estréia musical se deu em 1932, com o ingênuo fox-trot "Loura ou Morena", feito em parceria com os irmãos Paulo e Haroldo Tapajós.
Já para o grande público, que o conheceu nos anos 60 e 70, dividindo shows com as cantoras Marília Medalha, Maria Creuza ou Joyce, além do inseparável violonista e cantor Toquinho, era como se o "poetinha", invariavelmente com um copo de uísque na mão, tivesse sido sempre o mesmo: carismático, romântico e boêmio.

"Signo da paixão"
Ou, como disse Carlos Drummond de Andrade, Vinicius foi, entre os grandes poetas brasileiros, o único capaz de viver a vida como poeta, "sob o signo da paixão".
Para alguém que se dedicou à música só depois dos 40 anos, a obra de Vinicius chega a ser surpreendente. Como letrista, escreveu mais de 300 canções, em parceria com inúmeros expoentes da MPB, como Pixinguinha, Antonio Maria, Adoniran Barbosa, Ary Barroso, Carlos Lyra, Baden Powell, Moacir Santos, Edu Lobo, Francis Hime, Paulinho Nogueira e Capiba, entre outros.
O legado musical de Vinicius não se prendeu apenas à moderna batida da bossa nova, que o imortalizou. Seus versos também fazem parte de valsas, marchas-rancho, serestas, sambas-canções, até pontos de macumba. Também não se limitou à língua portuguesa: compôs em francês, em espanhol e em italiano.
No CD que acompanha o terceiro livro da coleção estão as 12 faixas do disco "Vinicius & Odette Lara", de 1963. São apenas parcerias do poeta com o violonista Baden Powell (1937-2000), incluindo sucessos como "Berimbau", "Samba em Prelúdio", "Deixa" e "Samba da Bênção".


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