São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

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Mickey Gang sai de Colatina à Europa

Integrantes do grupo de pequena cidade do Espírito Santo têm entre 17 e 20 anos

Banda que canta em inglês e tem influências do pop dos 80, do grunge e do dance dos 90 já foi comparada aos Strokes e vai à Inglaterra

Marcelo Fubah/Divulgação
Os quatro integrantes da banda capixaba Mickey Gang, que têm entre 17 e 20 anos

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

"Aqui no Brasil não levam a gente a sério. Eu não levaria a gente a sério..."
Nem mesmo os próprios integrantes do Mickey Gang levam o Mickey Gang a sério?
"É que somos quatro meninos que moramos no fim do mundo... Sei lá... Não dá para levar a sério. Mas não é uma coisa ruim. Música não é para ser levada a sério mesmo."
Vamos devagar:
Os quatro meninos são Arthur Marques, 19 (tecladista e vocalista); João Balla, 17 (baterista); Ricardo Vieira, 18 (guitarrista); Bruno Magalhães, 20 (baixista) -eles são os integrantes do Mickey Gang, banda formada em 2007.
O "fim do mundo" é Colatina, cidade de 106 mil habitantes que fica a 135 km a noroeste de Vitória (Espírito Santo) e cuja economia baseia-se principalmente em torno de indústria têxtil e agricultura.
Mas por que "no Brasil não levam o Mickey Gang a sério"?
"Porque somos do interior, porque não fazemos parte de cena nenhuma, porque não somos amigos de caras de outras bandas", afirma Arthur Marques, por telefone.
E também porque cantam em inglês. "Em 2007, nos inscrevemos para um festival de rock que acontece todo ano em Colatina. Nos disseram que não poderíamos tocar porque não fazemos música brasileira, por isso não mereceríamos uma chance", conta Marques. "Mas aí nos chamaram para tocar neste ano. Não topamos."
O Mickey Gang fez apenas 15 shows e ainda não possui nenhum disco lançado. Mas, graças a faixas grudentas como "I Was Born in the 90's" e "Horses Can't Dance", já ganharam escalações para festivais como Creamfields (Belo Horizonte) e Popload Gig (São Paulo).
Em setembro, retornam (sim, eles já foram uma vez) ao Reino Unido, para uma série de shows em Londres e para promover o primeiro lançamento oficial do grupo: um EP com as faixas "Horses Can't Dance" e "With Love, Prince".

Strokes
Cantar em inglês ajudou o Mickey Gang a cavar espaço na Inglaterra. O vocal quase preguiçoso e arrastado de Marques já foi comparado ao de Julian Casablancas (Strokes). As músicas alternam guitarras sujas e teclados oitentistas bem pop.
"Crescemos ouvindo muita coisa, pop dos anos 1980, dance music dos anos 1990, Nirvana... É complicado falar de influências, tem muita coisa."
Dos quatro "mickeys", João Balla é o único que ainda está na escola -no segundo ano do ensino médio. Os outros desistiram da faculdade.
Assim como não estudaram música ("baixávamos músicas na internet e tentávamos tocar por cima"), a escola de inglês não foi fundamental para ajudá-los a domar o idioma ("aprendemos mesmo vendo seriados tipo "Gossip Girl", "Weeds", "Ugly Betty'").
"Quando criamos a banda, queríamos apenas zoar uma ou outra pessoa daqui, uns amigos nossos que se levavam a sério", diz Marques. "Começamos a fazer música sobre eles e suas namoradas. Eles achavam graça."
"Mas", brinca, "hoje ninguém mais gosta da gente".
Por quê?
"Porque falamos demais."


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