BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece enredo de filme ruim do domingo à noite. Pleonasmo à parte, a nova atração da Fox, "Prison Break", tem roteiro rocambolesco: é um thriller/drama sobre um sujeito que tenta tirar do corredor da morte o irmão, acusado de matar o irmão do vice-presidente dos EUA.
Há ainda um marketing sobre a série, criada por Paul Scheuring, que não ajuda muito. É chamada de "o novo "24 Horas'" -genéricos, na TV, não têm vida longa. Ao menos no primeiro episódio, "Prison Break" funciona. Tanto que, nos EUA, onde estreou em agosto, deu ao canal uma de suas melhores audiências.
A receita é manjada, mas recicla bem alguns clichês do cinema -aliás, a grande sacada de séries como "Lost" tem sido justamente pegar tudo quanto é filão de gêneros e brincar com a idéia de continuidade e suspense da televisão.
Em "Prison Break", Michael (Wentworth Miller) está crente de que seu irmão, Lincoln (Dominic Purcell), foi acusado injustamente de assassinato. Para isso, tenta assaltar um banco, com a única intenção de ir para a mesma prisão do irmão e, de lá, salvar sua vida.
O melhor de tudo são as situações esdrúxulas que vão se sucedendo. Michael, por exemplo, é um engenheiro que participou de uma reestruturação no próprio presídio em que está vivendo, ou seja, conhece cada canto do lugar. Como o programa começa com uma sessão de tatuagem, o espectador pode esperar reviravoltas.
E aí, sim, a série ameaça virar uma derivação besta de "24 Horas", ao apostar em subtramas, com dramas pessoais de outros prisioneiros, relação pai-filho e muitas teorias da conspiração. Claro, é uma série norte-americana: a condenação de Lincoln seria uma grande operação abafa do governo dos EUA. Com seus méritos, "Prison Break" dá certo gás à tradição de filmes sobre carceragem -ao menos até um produtor não reativar a tradição trash das produções sobre presídios femininos, tão em voga nos anos 80.