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COMIDA
Piccolo é achado de bom gosto em Perdizes
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Isto é São Paulo. Você está no
bairro residencial de Perdizes,
numa terça ou quarta-feira, já
chegando meia-noite, com fome,
pensando em para onde rumar
(Moema? Vila Madalena?), em
busca do que comer a essa hora. E
de repente se depara, numa rua
tranqüila, com uma esquina cuja
placa anuncia: Piccolo Bistrot.
Não há manobrista nem estacionamento. Há algo melhor: lugar
para parar na rua, tranqüilamente, ali em frente. Como deixar de
entrar?
O nome desperta curiosidade, a
anteposição do adjetivo italiano
ao termo francês. Pois ele corresponde à realidade: é um espaço
pequeno de bistrô, com cardápio
enxuto, e, em cuja lousa, anunciam-se pratos do dia italianos. O
que não bate com a idéia de um
restaurante tradicional é a arquitetura: um ambiente moderno,
suavemente iluminado, de bom
gosto, e ampliado pelas divisórias
de vidro que o separam de um terracinho com mesas para fora. Um
achado.
Claro que de pouco valeria se
não resolvesse o primeiro problema do hipotético paulistano que
rumava para os Jardins ou quejandos: a fome. E isto também o
Piccolo Bistrot resolve, mesmo
que tenha um ou outro senão.
Aliás, o nome bistrô é também
apropriado se levarmos em conta
que se trata de um empreendimento familiar, no qual o marido
fica na cozinha e a mulher recebendo no salão (na França a ordem dos fatores não é necessariamente esta).
Respectivamente, no nosso caso, o suíço Sandro Sarbach, 29
anos, um ano de Brasil, muitos de
Itália (foi criado na Sicília) e formação profissional em Zurique; e
sua mulher, a brasileira Gisele
Giardino Fiúza, 28, formada em
hotelaria.
Cada um na sua função, eles
oferecem uma cozinha italiana
com uma pequena seção suíça
-na verdade duas opções (adivinhe?), fondue e raclette. São poucos pratos, um dos quais fugindo
da Itália em direção à Ásia -o
frango ao molho de amendoim e
legumes cozidos na wok, acompanhado de risoto de gengibre e
limão. Fora esse desvio pelo
Oriente, vigoram cinco opções de
massas, como nhoque com manteiga e sálvia e rigatoni ao molho
de tomates e manjericão, com berinjela grelhada e ricota fresca:
embora a massa passasse do ponto, o molho é intenso, daqueles
bem apurados.
A salada de folhas com maçã,
queijo brie, nozes e molho de iogurte e mel não deixa grandes
lembranças; a única opção de carne é o indefectível filé mignon
-ele é bem-feito, um medalhão
envolto em bacon, mas o risoto de
funghi que o acompanha não tinha cremosidade. Uma torta de limão é uma opção simpática de
sobremesa, que pode também ser
encerrada com cantuccini (biscoitos de amêndoa) imersos em
vinho de colheita tardia. Por falar
em vinhos, é boa a idéia de sugerir
opções para cada prato no próprio cardápio, numa casa pequena que possivelmente não comportaria a presença de um sommelier. Simpático também ver
que o barman conhecia o coquetel
negroni (embora o servisse em
copo altíssimo, com a laranja espetada na borda, nada a ver com a
receita consagrada). O Piccolo
Bistrot fica fora do circuito, mas
merece no mínimo a atenção da
vizinhança, sem falar daqueles
que se sentem atraídos por uma
iniciativa inteligente e de bom
gosto, que só tende a melhorar.
PICCOLO BISTROT
Cotação: $$
Avaliação: regular
Endereço: r. Tucuna, 689,
Perdizes, tel. 0/xx/11/3872-1625
Funcionamento: de ter.
a sex., das 18h à 1h; sáb.,
das 12h às 15h e das
19h30 à 1h
Ambiente: pequeno,
aconchegante, de bom
gosto, com mesas para fora
Serviço: sem problemas
Serviço de vinhos: a
oferta é pequena, mas
tem boas taças e indicações no cardápio sobre os
vinhos adequados para os
pratos
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$
R$ 6,50 a R$ 39,90; pratos
principais, de R$ 15,90 a
R$ 39; sobremesas, de R$
3,70 a R$ 11,50
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