São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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COMIDA

Piccolo é achado de bom gosto em Perdizes

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Isto é São Paulo. Você está no bairro residencial de Perdizes, numa terça ou quarta-feira, já chegando meia-noite, com fome, pensando em para onde rumar (Moema? Vila Madalena?), em busca do que comer a essa hora. E de repente se depara, numa rua tranqüila, com uma esquina cuja placa anuncia: Piccolo Bistrot. Não há manobrista nem estacionamento. Há algo melhor: lugar para parar na rua, tranqüilamente, ali em frente. Como deixar de entrar?
O nome desperta curiosidade, a anteposição do adjetivo italiano ao termo francês. Pois ele corresponde à realidade: é um espaço pequeno de bistrô, com cardápio enxuto, e, em cuja lousa, anunciam-se pratos do dia italianos. O que não bate com a idéia de um restaurante tradicional é a arquitetura: um ambiente moderno, suavemente iluminado, de bom gosto, e ampliado pelas divisórias de vidro que o separam de um terracinho com mesas para fora. Um achado.
Claro que de pouco valeria se não resolvesse o primeiro problema do hipotético paulistano que rumava para os Jardins ou quejandos: a fome. E isto também o Piccolo Bistrot resolve, mesmo que tenha um ou outro senão. Aliás, o nome bistrô é também apropriado se levarmos em conta que se trata de um empreendimento familiar, no qual o marido fica na cozinha e a mulher recebendo no salão (na França a ordem dos fatores não é necessariamente esta).
Respectivamente, no nosso caso, o suíço Sandro Sarbach, 29 anos, um ano de Brasil, muitos de Itália (foi criado na Sicília) e formação profissional em Zurique; e sua mulher, a brasileira Gisele Giardino Fiúza, 28, formada em hotelaria.
Cada um na sua função, eles oferecem uma cozinha italiana com uma pequena seção suíça -na verdade duas opções (adivinhe?), fondue e raclette. São poucos pratos, um dos quais fugindo da Itália em direção à Ásia -o frango ao molho de amendoim e legumes cozidos na wok, acompanhado de risoto de gengibre e limão. Fora esse desvio pelo Oriente, vigoram cinco opções de massas, como nhoque com manteiga e sálvia e rigatoni ao molho de tomates e manjericão, com berinjela grelhada e ricota fresca: embora a massa passasse do ponto, o molho é intenso, daqueles bem apurados.
A salada de folhas com maçã, queijo brie, nozes e molho de iogurte e mel não deixa grandes lembranças; a única opção de carne é o indefectível filé mignon -ele é bem-feito, um medalhão envolto em bacon, mas o risoto de funghi que o acompanha não tinha cremosidade. Uma torta de limão é uma opção simpática de sobremesa, que pode também ser encerrada com cantuccini (biscoitos de amêndoa) imersos em vinho de colheita tardia. Por falar em vinhos, é boa a idéia de sugerir opções para cada prato no próprio cardápio, numa casa pequena que possivelmente não comportaria a presença de um sommelier. Simpático também ver que o barman conhecia o coquetel negroni (embora o servisse em copo altíssimo, com a laranja espetada na borda, nada a ver com a receita consagrada). O Piccolo Bistrot fica fora do circuito, mas merece no mínimo a atenção da vizinhança, sem falar daqueles que se sentem atraídos por uma iniciativa inteligente e de bom gosto, que só tende a melhorar.


PICCOLO BISTROT
Cotação: $$
Avaliação: regular
Endereço: r. Tucuna, 689, Perdizes, tel. 0/xx/11/3872-1625
Funcionamento: de ter. a sex., das 18h à 1h; sáb., das 12h às 15h e das 19h30 à 1h
Ambiente: pequeno, aconchegante, de bom gosto, com mesas para fora
Serviço: sem problemas
Serviço de vinhos: a oferta é pequena, mas tem boas taças e indicações no cardápio sobre os vinhos adequados para os pratos
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$ R$ 6,50 a R$ 39,90; pratos principais, de R$ 15,90 a R$ 39; sobremesas, de R$ 3,70 a R$ 11,50


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