São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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BEBIDA

Barmen avaliam drinques instantâneos

RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando você pensa em caipirinha, caipiroska e cuba libre, o que vem à sua mente? Um pó verde, uma garrafa e uma latinha? Mesmo que estas não sejam as imagens mais corriqueiras, são assim algumas das bebidas prontas e semiprontas lançadas em 2005.
Para avaliar esses "drinques" e discutir se são boas alternativas aos coquetéis preparados de maneira tradicional, a Folha convidou três barmen de São Paulo. Em uma degustação às cegas (em que os participantes não sabem a marca das bebidas que estão tomando), Luiz Carlos dos Passos, 40, do bar e restaurante Universidade da Cachaça; Márcio de Souza, 29, do restaurante e danceteria Na Mata Café; e Alfredo Martins, 45, do restaurante Totó, provaram quatro produtos e discutiram aspectos como sabor, aparência e aroma. Juntos, eles acumulam 38 anos de experiência no balcão.

Caipirinhas
As caipirinhas em pó -que visualmente lembram mais uma batida de limão quando misturadas à cachaça (devido à ausência de pedaços da fruta)- foram as bebidas mais bem avaliadas.
O Kit Caipirinha Muzambinho -lançado em junho e vendido em uma caixa com dez sachês de mistura para caipirinha, 500 ml de cachaça, dosador e mexedores (R$ 25)- foi o primeiro a ser provado, depois de preparado de acordo com as instruções da embalagem.
Segundo Martins, sua aparência lembra uma caipirinha coada, e a acidez da bebida está bem equilibrada. "Até que surpreendeu", disse. Souza concordou. Passos conseguiu notar o sabor de limão, mas fez uma ressalva. "Achei o sabor bom, embora um pouco adocicado demais."
A outra mistura para caipirinha avaliada, 25 Seconds, lançada em março pela destilaria Clamore, foi a que recebeu melhor avaliação entre todas as bebidas provadas. Vendida em uma caixa com 12 envelopes (R$ 13, preço médio), foi preparada com cachaça Muzambinho -como este item não consta do pacote, o cliente tem liberdade para escolher a marca da caninha. "Está bem parecida com uma caipirinha tradicional", elogiou Souza. Para Passos, o açúcar está mais equilibrado que na mistura da Muzambinho. "E, como a aparência já revelava, esta leva um pouco mais de limão que a outra", disse. Martins comparou as duas bebidas: "A impressão é que a segunda leva limão com casca, e, a primeira, limão descascado". Passos observou ainda que ambas contêm menos cachaça que uma caipirinha tradicional, já que os barmen costumam adicionar mais que uma dose do destilado. Entre os dois preparados, o kit 25 Seconds foi eleito o melhor por unanimidade.
Caipiroska
A Smirnoff Caipiroska, lançada em outubro e vendida em garrafas de 1 litro, pronta para beber, não fez tanto sucesso. "É um drinque muito leve, com alguma coisa de industrializado, como aqueles engarrafados do tipo Smirnoff Ice", afirmou Passos, identificando a marca da bebida sem saber que produto estava degustando.
"A relação que as outras bebidas tiveram com a caipirinha esta não tem com a caipiroska. O sabor é bem diferente", disse Martins, que reclamou da ausência de sabor do limão -de fato, a garrafa informa que não há suco da fruta em sua composição. Souza foi mais categórico: "A caipiroska está muito fora [da proposta]".

Cuba libre
A cuba libre em lata Merino Rum & Cola, vendida só no Nordeste (custa R$ 2,50), foi a última bebida a ser degustada e a que mais decepcionou os profissionais. "Está muito gasosa, sem sabor, sem aroma", disse Souza. "Tem pouquíssimo rum e muita Coca-Cola", completou Martins. Todos sentiram falta das gotas de limão da receita original. Para Passos, se este drinque fosse levado à mesa de um cliente, ele não tomaria. O barman também criticou o baixo teor alcoólico (5,5%).


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