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BEBIDA
Barmen avaliam drinques instantâneos
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando você pensa em caipirinha, caipiroska e cuba libre, o que
vem à sua mente? Um pó verde,
uma garrafa e uma latinha? Mesmo que estas não sejam as imagens mais corriqueiras, são assim
algumas das bebidas prontas e semiprontas lançadas em 2005.
Para avaliar esses "drinques" e
discutir se são boas alternativas
aos coquetéis preparados de maneira tradicional, a Folha convidou três barmen de São Paulo.
Em uma degustação às cegas (em
que os participantes não sabem a
marca das bebidas que estão tomando), Luiz Carlos dos Passos,
40, do bar e restaurante Universidade da Cachaça; Márcio de Souza, 29, do restaurante e danceteria
Na Mata Café; e Alfredo Martins,
45, do restaurante Totó, provaram quatro produtos e discutiram
aspectos como sabor, aparência e
aroma. Juntos, eles acumulam 38
anos de experiência no balcão.
Caipirinhas
As caipirinhas em pó -que visualmente lembram mais uma
batida de limão quando misturadas à cachaça (devido à ausência
de pedaços da fruta)- foram as
bebidas mais bem avaliadas.
O Kit Caipirinha Muzambinho
-lançado em junho e vendido
em uma caixa com dez sachês de
mistura para caipirinha, 500 ml
de cachaça, dosador e mexedores
(R$ 25)- foi o primeiro a ser provado, depois de preparado de
acordo com as instruções da embalagem.
Segundo Martins, sua aparência
lembra uma caipirinha coada, e a
acidez da bebida está bem equilibrada. "Até que surpreendeu",
disse. Souza concordou. Passos
conseguiu notar o sabor de limão,
mas fez uma ressalva. "Achei o sabor bom, embora um pouco adocicado demais."
A outra mistura para caipirinha
avaliada, 25 Seconds, lançada em
março pela destilaria Clamore, foi
a que recebeu melhor avaliação
entre todas as bebidas provadas.
Vendida em uma caixa com 12
envelopes (R$ 13, preço médio),
foi preparada com cachaça Muzambinho -como este item não
consta do pacote, o cliente tem liberdade para escolher a marca da
caninha. "Está bem parecida com
uma caipirinha tradicional", elogiou Souza. Para Passos, o açúcar
está mais equilibrado que na mistura da Muzambinho. "E, como a
aparência já revelava, esta leva um
pouco mais de limão que a outra",
disse. Martins comparou as duas
bebidas: "A impressão é que a segunda leva limão com casca, e, a
primeira, limão descascado". Passos observou ainda que ambas
contêm menos cachaça que uma
caipirinha tradicional, já que os
barmen costumam adicionar
mais que uma dose do destilado.
Entre os dois preparados, o kit 25
Seconds foi eleito o melhor por
unanimidade.
Caipiroska
A Smirnoff Caipiroska, lançada
em outubro e vendida em garrafas de 1 litro, pronta para beber,
não fez tanto sucesso. "É um drinque muito leve, com alguma coisa
de industrializado, como aqueles
engarrafados do tipo Smirnoff
Ice", afirmou Passos, identificando a marca da bebida sem saber
que produto estava degustando.
"A relação que as outras bebidas
tiveram com a caipirinha esta não
tem com a caipiroska. O sabor é
bem diferente", disse Martins,
que reclamou da ausência de sabor do limão -de fato, a garrafa
informa que não há suco da fruta
em sua composição. Souza foi
mais categórico: "A caipiroska está muito fora [da proposta]".
Cuba libre
A cuba libre em lata Merino
Rum & Cola, vendida só no Nordeste (custa R$ 2,50), foi a última
bebida a ser degustada e a que
mais decepcionou os profissionais. "Está muito gasosa, sem sabor, sem aroma", disse Souza.
"Tem pouquíssimo rum e muita
Coca-Cola", completou Martins.
Todos sentiram falta das gotas de
limão da receita original. Para
Passos, se este drinque fosse levado à mesa de um cliente, ele não
tomaria. O barman também criticou o baixo teor alcoólico (5,5%).
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