São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Cinema vai demorar mais para sentir efeitos da paralisação

CRÍTICO DA FOLHA

A greve decretada na segunda-feira pelo WGA corresponde à quarta paralisação dos roteiristas norte-americanos desde 1981. A mais longa, em 1988, durou cinco meses e gerou à indústria prejuízos estimados em cerca de US$ 500 milhões (mais de R$ 860 milhões).
A insatisfação canalizada pelo WGA está relacionada ao fato de que os cachês de atores e diretores teriam sido inflacionados nos últimos anos, provocando discrepância significativa em relação aos salários dos roteiristas, o que é mais sensível em cinema do que na TV.
De acordo com o dissídio coletivo que vigorava até 31 de outubro, os seis principais estúdios de cinema pagavam no mínimo US$ 106 mil (R$ 184 mil) por um roteiro original de longa-metragem. O prestígio do autor e o apelo do material podem levar o valor a US$ 4 milhões (R$ 6,9 milhões).
O impasse entre produtores e roteiristas deverá ser resolvido, como nas ocasiões anteriores, a partir do impacto sobre a televisão. A atividade cinematográfica demora mais a sentir os efeitos da greve devido a seus cronogramas mais longos de produção.
Diferentemente do que já ocorreu na televisão, as filmagens em andamento de longas para cinema não precisam ser interrompidas, uma vez que os roteiros estão concluídos. Nas situações em que cenas e diálogos precisem eventualmente ser reescritos, produtores e diretores podem assumir a função, como já costumam fazer.
Os diretores-roteiristas de cinema também não podem usar o argumento dos produtores-roteiristas de televisão, que paralisaram todas as suas atividades porque as consideram indissociáveis. Quando tem início a filmagem de um longa, é improvável que decisões relevantes dependam de algo ainda não escrito.
Além disso, a interrupção de uma filmagem leva a um desastre que todos os envolvidos procuram evitar, pelo estouro do orçamento e pela possibilidade de cancelamento definitivo da produção. Não é por acaso que, desde 1981, os diretores entraram em greve apenas uma vez, em 1987, e a paralisação durou três horas.
Nos grandes estúdios, os principais lançamentos para os próximos dois anos já se encontram em fase de pré-produção, com roteiro finalizado ou perto disso. O impacto de uma greve prolongada será mais sentido na discussão de projetos futuros, sem que o cronograma final seja muito afetado. (SR)


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