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ARTES PLÁSTICAS
Lançamento de livro da Cosacnaify acontece hoje na Pinacoteca do Estado, em SP, às 11h
Legado construtivo de Willys ganha estudo em livro
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Harmonia tensa, este é o nexo
estético que atravessa a produção
de Willys de Castro." Tal síntese,
feita pelo historiador, crítico de
arte e professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Roberto Conduru no livro
"Willys de Castro", serve de norte
à análise do autor, um estudo de
fôlego sobre a importância de
Willys (1926-1988), neoconcreto
radicado em São Paulo de obra reduzida, mas de grande relevo.
O livro (Cosacnaify, R$ 75, 240
págs.) será lançado hoje na Pinacoteca do Estado, com a presença
do autor. Vale lembrar que o museu tem o maior conjunto de
Willys em instituição pública,
com 43 obras adquiridas em 2001.
Aumentando o aspecto de "renascimento" da sua obra, o IAC
(Instituto de Arte Contemporânea) -sua sede deve ser aberta
no ano que vem, ao lado do Centro Universitário Maria Antônia- também exibirá obras do
artista, ladeadas por trabalhos de
Sergio Camargo (1930-1990),
Amilcar de Castro (1920-2002) e
Mira Schendel (1919-1988).
Conduru vê na obra de Willys
uma dimensão reflexiva ainda
atual. "Seus trabalhos são construções que provocam a dúvida e
o questionamento de quem os
vê", afirma ele. "Muito da ideologia do movimento construtivo
hoje não tem tanto peso, mas essa
problematização proposta por
Willys tem muito a dizer agora."
Willys abandonou a profissão
de químico e se ligou inicialmente
ao grupo construtivista paulista,
liderado por Waldemar Cordeiro
(1925-1973). Assim como Hércules Barsotti, seu grande amigo e
artista que mais dialoga com sua
produção, abandona o núcleo por
considerá-lo dogmático.
Em 1954, faz parceria com Barsotti no Estúdio de Projetos Gráficos, onde seus trabalhos de programação visual o ajudavam a se
manter.
Assim como Lothar Charoux
(1912-1987) -outro artista resgatado neste ano-, sua ligação com
a indústria em momento próspero vai dar bons resultados plásticos, como o logotipo das tintas
CIL, onde ele liga círculos e letras
com os cilindros de latas.
Em 1959, o artista se une ao movimento neoconcreto do Rio e se
aproxima das experimentações
que testam os limites do plano.
Assim, no mesmo ano, nasce sua
série mais famosa, a de "objeto
ativos". Os iniciais são planos que
"flutuam" no espaço, paralelos à
parede. Posteriormente, a série
ganha feições mais escultóricas.
Condoru assinala que essa série
se liga a outras experiências que
testam a relação entre planos, espaços e volumes, como os conhecidos "casulos" de Lygia Clark
(1920-1988), "relevos" de Hélio
Oiticica (1937-1980) e Camargo,
esculturas de Amilcar e Franz
Weissmann (1911-2005), "droguinhas" de Schendel, mas também
os menos lembrados "cubocores"
de Aluísio Carvão (1920-2001), as
"concreções" de Luiz Sacilotto
(1924-2003) e os "livros da criação", de Lygia Pape (1927-2004).
Em 1967, vem a série "Pluriobjeto", que continua a experimentação de relações espaciais, onde os
materiais, a cor e os volumes
criam diálogos que fazem do legado de Willys algo essencial às artes
brasileiras.
Willys de Castro
Quando: lançamento hoje, às 11h
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, tel. 0/xx/11/3229-9844)
Quanto: entrada franca
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