São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Lançamento de livro da Cosacnaify acontece hoje na Pinacoteca do Estado, em SP, às 11h

Legado construtivo de Willys ganha estudo em livro

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Harmonia tensa, este é o nexo estético que atravessa a produção de Willys de Castro." Tal síntese, feita pelo historiador, crítico de arte e professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Roberto Conduru no livro "Willys de Castro", serve de norte à análise do autor, um estudo de fôlego sobre a importância de Willys (1926-1988), neoconcreto radicado em São Paulo de obra reduzida, mas de grande relevo.
O livro (Cosacnaify, R$ 75, 240 págs.) será lançado hoje na Pinacoteca do Estado, com a presença do autor. Vale lembrar que o museu tem o maior conjunto de Willys em instituição pública, com 43 obras adquiridas em 2001. Aumentando o aspecto de "renascimento" da sua obra, o IAC (Instituto de Arte Contemporânea) -sua sede deve ser aberta no ano que vem, ao lado do Centro Universitário Maria Antônia- também exibirá obras do artista, ladeadas por trabalhos de Sergio Camargo (1930-1990), Amilcar de Castro (1920-2002) e Mira Schendel (1919-1988).
Conduru vê na obra de Willys uma dimensão reflexiva ainda atual. "Seus trabalhos são construções que provocam a dúvida e o questionamento de quem os vê", afirma ele. "Muito da ideologia do movimento construtivo hoje não tem tanto peso, mas essa problematização proposta por Willys tem muito a dizer agora."
Willys abandonou a profissão de químico e se ligou inicialmente ao grupo construtivista paulista, liderado por Waldemar Cordeiro (1925-1973). Assim como Hércules Barsotti, seu grande amigo e artista que mais dialoga com sua produção, abandona o núcleo por considerá-lo dogmático.
Em 1954, faz parceria com Barsotti no Estúdio de Projetos Gráficos, onde seus trabalhos de programação visual o ajudavam a se manter.
Assim como Lothar Charoux (1912-1987) -outro artista resgatado neste ano-, sua ligação com a indústria em momento próspero vai dar bons resultados plásticos, como o logotipo das tintas CIL, onde ele liga círculos e letras com os cilindros de latas.
Em 1959, o artista se une ao movimento neoconcreto do Rio e se aproxima das experimentações que testam os limites do plano. Assim, no mesmo ano, nasce sua série mais famosa, a de "objeto ativos". Os iniciais são planos que "flutuam" no espaço, paralelos à parede. Posteriormente, a série ganha feições mais escultóricas.
Condoru assinala que essa série se liga a outras experiências que testam a relação entre planos, espaços e volumes, como os conhecidos "casulos" de Lygia Clark (1920-1988), "relevos" de Hélio Oiticica (1937-1980) e Camargo, esculturas de Amilcar e Franz Weissmann (1911-2005), "droguinhas" de Schendel, mas também os menos lembrados "cubocores" de Aluísio Carvão (1920-2001), as "concreções" de Luiz Sacilotto (1924-2003) e os "livros da criação", de Lygia Pape (1927-2004).
Em 1967, vem a série "Pluriobjeto", que continua a experimentação de relações espaciais, onde os materiais, a cor e os volumes criam diálogos que fazem do legado de Willys algo essencial às artes brasileiras.


Willys de Castro
Quando:
lançamento hoje, às 11h
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3229-9844)
Quanto: entrada franca


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