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FILMES
TV PAGA
"Winchester" vê o mundo a partir de luta por arma
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Tudo é muito simples em
"Winchester 73": dois irmãos, ambos pistoleiros, mais alguns índios, disputam como dementes a posse de uma Winchester muito especial (do tipo "uma
em mil").
Mas talvez não seja assim tão
simples, e o que primeiro nos chama a atenção é o caráter demencial da disputa em que estão envolvidos. Até Anthony Mann, o
Velho Oeste era habitado por
bandidos e mocinhos. Com ele, a
demência e a animalidade entram
no circuito. Não dá mais para observar as coisas apenas a partir da
distinção entre o certo e o errado,
o bom e o mau.
E, olhando "Winchester 73"
com cuidado, talvez observemos
algo que, em filmes futuros, se
tornaria mais claro: não há, a rigor, dois irmãos -um bom e outro mau: somos todos seres duais,
e todos capazes do melhor e do
pior. Distinguir o certo do errado
não é tarefa fácil, quando se pode
optar por ficar com um monte de
ouro para si, deixando toda uma
comunidade na pior.
Ao contrário do faroeste tradicional, o herói de Anthony Mann
não é alguém que, de nascença, tenha optado pelo certo e pelo bem,
que tenha certeza absoluta do que
seja um ato moral e um imoral.
Como o paraíso não existe, não é
de espantar que o movimento de
câmera favorito de Mann seja a
panorâmica.
É como um olhar que abarca todo o espaço, que busca uma visão
de conjunto, porque o bem não é
um a priori. Só a observação nos
leva a alguma coisa. Portanto, o
herói de Anthony Mann não é um
herói a priori, ele também: ele se
afirma como tal na medida em
que consegue perceber que só o
bem comum é capaz de promover
o seu próprio bem.
A disputa por uma arma em
"Winchester 73" é bem mais, como se vê, do que a disputa por
uma arma.
WINCHESTER 73. Quando: hoje, às
20h20, no Telecine Classic.
TV ABERTA
Oscarito ilumina "Nem Sansão nem Dalila"
A Hora do Rush
SBT, 12h25.
(Rush Hour). EUA, 98, 97 min. Direção:
Brett Ratner. Com Jackie Chan, Chris
Tucker. O detetive Jackie Chan vai para
os EUA, a fim de resolver caso de
sequestro de filha de um diplomata
chinês. Para seu parceiro, a polícia
designa um detetive atrapalhado. À
moda de Chan, humor e artes marciais.
Nem Sansão nem Dalila
Cultura, 15h30.
Brasil, 54, 90 min. Direção: Carlos Manga.
Com Oscarito, Fada Santoro. Uma das
chanchadas mais famosas da Atlântida,
essa paródia do "Sansão e Dalila" de Cecil
B.DeMille dedica-se em certos
momentos ao grande espetáculo
(grande, mas nem tanto), em outros à
sátira política (na verdade, é bem
primária). Oscarito faz um Sansão com
bastante humor, o que compensa o
ritmo um tanto arrastado. P&B.
Triângulo das Bermudas
Record, 17h15.
(Bermuda Triangle). EUA, 95, 88 min.
Direção: Ian Toynton. Com Sam Behrens,
Susanna Thompson. Família vítima de
naufrágio durante cruzeiro pelas
Bermudas topa com uma ilha misteriosa,
que não consta dos mapas. Ali
encontram as pessoas que haviam
desaparecido em acidentes aéreos
também misteriosos, além de nativos
dotados de estranhos poderes. Em suma,
o filme tem tudo e não tem nada.
Um Novo Reencontro
Bandeirantes, 20h30.
(Sarah, Plain & Tall - Winter's End). EUA,
99, 98 min. Direção: Glenn Jordan. Com
Glenn Close, Christopher Walken. Nova
visita à saga dos Witting. Agora, Walken,
já casado com Glenn Close (Sarah),
receberá o pai, de quem tem muitas
mágoas. Certas revelações colocarão a
família em crise.
U.S. Marshalls - Os Federais
SBT, 22h.
(U.S. Marshalls). EUA, 98, 133 min.
Direção: Stuart Baird. Com Tommy Lee
Jones, Wesley Snipes. Jones criou, em "O
Fugitivo", um apaixonante Sam Gerard.
Razão para criar esta sequência, em que
sua personalidade obsessiva é retomada.
Um aspecto importante de Gerard, a
burrice honesta, é negligenciado, mas a
aventura é muito boa.
Soldado Universal
Globo, 23h.
(Universal Soldier). EUA, 92, 105 min.
Direção: Roland Emmerich. Com Jean-Claude van Damme, Dolph Lundgren.
Dois soldados mortos no Vietnã são
ressuscitados e transformados em
ciborgues fortíssimos e insensíveis.
Problema: não tão insensíveis assim, já
que as lembranças da guerra voltam a
suas mentes e criam conflitos. Um tanto
superestimado.
Amanhecer em Campobello
Bandeirantes,0h.
(Sunrise at Campobello). EUA, 60, 144
min. Direção: Vincent J. Donahue. Com
Ralph Bellamy, Greer Garson. Biografia
de Franklin D. Roosevelt, presidente
decisivo para a história americana e
mundial do século 20. Garson faz sua
mulher, Eleanor, que o ajuda, e não
pouco, a superar os reveses desta vida.
O Caminho para Casa
Globo, 0h45.
(The Road Home). China, 99, 89 min.
Direção: Zhang Yimou. Com Zhang Ziyi,
Sun Hongley. Mãe e filho desenvolvem
concepções diferentes sobre o funeral do
pai, recém-finado. Em outra parte do
filme volta-se no tempo para narrar o
romance entre a mãe e o pai do rapaz e
suas dificuldades. Inédito.
Homer e Eddie
Globo, 2h20.
(Homer and Eddie). EUA, 90, 100 min.
Direção: Andrei Konchalovsky. Com
James Belushi, Whoopi Goldberg. Depois
de ser assaltado, quando viaja a fim de
ver o pai, que está à morte, jovem
deficiente mental faz amizade com
mulher de comportamento
estranhíssimo. Comédia do russo
Konchalovski não muito apreciada por
comentaristas norte-americanos. Em
todo caso, o diretor não é bobo.
(IA)
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