São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2004

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FILMES

TV PAGA

"Winchester" vê o mundo a partir de luta por arma

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Tudo é muito simples em "Winchester 73": dois irmãos, ambos pistoleiros, mais alguns índios, disputam como dementes a posse de uma Winchester muito especial (do tipo "uma em mil").
Mas talvez não seja assim tão simples, e o que primeiro nos chama a atenção é o caráter demencial da disputa em que estão envolvidos. Até Anthony Mann, o Velho Oeste era habitado por bandidos e mocinhos. Com ele, a demência e a animalidade entram no circuito. Não dá mais para observar as coisas apenas a partir da distinção entre o certo e o errado, o bom e o mau.
E, olhando "Winchester 73" com cuidado, talvez observemos algo que, em filmes futuros, se tornaria mais claro: não há, a rigor, dois irmãos -um bom e outro mau: somos todos seres duais, e todos capazes do melhor e do pior. Distinguir o certo do errado não é tarefa fácil, quando se pode optar por ficar com um monte de ouro para si, deixando toda uma comunidade na pior.
Ao contrário do faroeste tradicional, o herói de Anthony Mann não é alguém que, de nascença, tenha optado pelo certo e pelo bem, que tenha certeza absoluta do que seja um ato moral e um imoral. Como o paraíso não existe, não é de espantar que o movimento de câmera favorito de Mann seja a panorâmica.
É como um olhar que abarca todo o espaço, que busca uma visão de conjunto, porque o bem não é um a priori. Só a observação nos leva a alguma coisa. Portanto, o herói de Anthony Mann não é um herói a priori, ele também: ele se afirma como tal na medida em que consegue perceber que só o bem comum é capaz de promover o seu próprio bem.
A disputa por uma arma em "Winchester 73" é bem mais, como se vê, do que a disputa por uma arma.



WINCHESTER 73. Quando: hoje, às 20h20, no Telecine Classic.

TV ABERTA

Oscarito ilumina "Nem Sansão nem Dalila"

A Hora do Rush
SBT, 12h25.

(Rush Hour). EUA, 98, 97 min. Direção: Brett Ratner. Com Jackie Chan, Chris Tucker. O detetive Jackie Chan vai para os EUA, a fim de resolver caso de sequestro de filha de um diplomata chinês. Para seu parceiro, a polícia designa um detetive atrapalhado. À moda de Chan, humor e artes marciais.

Nem Sansão nem Dalila
Cultura, 15h30.

Brasil, 54, 90 min. Direção: Carlos Manga. Com Oscarito, Fada Santoro. Uma das chanchadas mais famosas da Atlântida, essa paródia do "Sansão e Dalila" de Cecil B.DeMille dedica-se em certos momentos ao grande espetáculo (grande, mas nem tanto), em outros à sátira política (na verdade, é bem primária). Oscarito faz um Sansão com bastante humor, o que compensa o ritmo um tanto arrastado. P&B.

Triângulo das Bermudas
Record, 17h15.

 
(Bermuda Triangle). EUA, 95, 88 min. Direção: Ian Toynton. Com Sam Behrens, Susanna Thompson. Família vítima de naufrágio durante cruzeiro pelas Bermudas topa com uma ilha misteriosa, que não consta dos mapas. Ali encontram as pessoas que haviam desaparecido em acidentes aéreos também misteriosos, além de nativos dotados de estranhos poderes. Em suma, o filme tem tudo e não tem nada.

Um Novo Reencontro
Bandeirantes, 20h30.

(Sarah, Plain & Tall - Winter's End). EUA, 99, 98 min. Direção: Glenn Jordan. Com Glenn Close, Christopher Walken. Nova visita à saga dos Witting. Agora, Walken, já casado com Glenn Close (Sarah), receberá o pai, de quem tem muitas mágoas. Certas revelações colocarão a família em crise.

U.S. Marshalls - Os Federais
SBT, 22h.

(U.S. Marshalls). EUA, 98, 133 min. Direção: Stuart Baird. Com Tommy Lee Jones, Wesley Snipes. Jones criou, em "O Fugitivo", um apaixonante Sam Gerard. Razão para criar esta sequência, em que sua personalidade obsessiva é retomada. Um aspecto importante de Gerard, a burrice honesta, é negligenciado, mas a aventura é muito boa.

Soldado Universal
Globo, 23h.

(Universal Soldier). EUA, 92, 105 min. Direção: Roland Emmerich. Com Jean-Claude van Damme, Dolph Lundgren. Dois soldados mortos no Vietnã são ressuscitados e transformados em ciborgues fortíssimos e insensíveis. Problema: não tão insensíveis assim, já que as lembranças da guerra voltam a suas mentes e criam conflitos. Um tanto superestimado.

Amanhecer em Campobello
Bandeirantes,0h.

(Sunrise at Campobello). EUA, 60, 144 min. Direção: Vincent J. Donahue. Com Ralph Bellamy, Greer Garson. Biografia de Franklin D. Roosevelt, presidente decisivo para a história americana e mundial do século 20. Garson faz sua mulher, Eleanor, que o ajuda, e não pouco, a superar os reveses desta vida.

O Caminho para Casa
Globo, 0h45.

(The Road Home). China, 99, 89 min. Direção: Zhang Yimou. Com Zhang Ziyi, Sun Hongley. Mãe e filho desenvolvem concepções diferentes sobre o funeral do pai, recém-finado. Em outra parte do filme volta-se no tempo para narrar o romance entre a mãe e o pai do rapaz e suas dificuldades. Inédito.

Homer e Eddie
Globo, 2h20.

(Homer and Eddie). EUA, 90, 100 min. Direção: Andrei Konchalovsky. Com James Belushi, Whoopi Goldberg. Depois de ser assaltado, quando viaja a fim de ver o pai, que está à morte, jovem deficiente mental faz amizade com mulher de comportamento estranhíssimo. Comédia do russo Konchalovski não muito apreciada por comentaristas norte-americanos. Em todo caso, o diretor não é bobo. (IA)

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