|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Longas captam arcaico e novo da cidade
DO COLUNISTA DA FOLHA
O único ponto em comum entre os dois longas-metragens em
produção atualmente em Florianópolis, "Vida e Obra de Seo Chico" e "Procuradas", é o baixo orçamento. Cada um deles deverá
custar R$ 800 mil.
À parte isso, não poderia haver
dois filmes mais contrastantes. O
primeiro é um documentário sobre o camponês Francisco Thomaz dos Santos, o "Seo" Chico,
uma espécie de último representante de um modo de vida rural
praticamente em extinção, o dos
engenhos de farinha e de cachaça
na ilha de Santa Catarina.
"Procuradas", por sua vez, é um
policial moderno sobre garotas de
programa e será ambientado em
grande parte em boates e clubes
noturnos da cidade.
"Meu documentário não é um
filme de quintal", diz José Rafael
Mamigonian, 28, diretor de "Seo
Chico". "É um registro antropológico e humano de interesse universal. Quero fazer um filme à altura dessa cultura agonizante."
Em 1996, o cineasta rodava um
curta sobre "Seo" Chico quando o
camponês foi assassinado em circunstâncias não esclarecidas até
hoje. Concluiu o curta só com
imagens fixas e depoimentos em
"off" do personagem. Guardou o
material filmado (com fotografia
de Mario Carneiro e câmera de
Dib Lutfi) para o longa.
Agora, Mamigonian -mais conhecido como Zé Rafael- pretende exibir o material filmado
para a comunidade onde "Seo"
Chico vivia e filmar a repercussão.
"É um pouco a estrutura do "Cabra Marcado para Morrer"."
Por sua vez, os diretores Zeca
Pires, 40, e José Frazão, 52, pretendem apresentar em "Procuradas"
um painel abrangente de Florianópolis, mostrando tanto pontos
modernos da cidade como vilarejos antigos onde ainda se cultivam
ostras, como Ribeirão da Ilha.
No filme, que será rodado em
vídeo digital e depois transferido
para película de 35 mm, duas garotas de programa (uma delas vivida por Deborah Secco) desaparecem durante um passeio de barco com dois executivos. Uma cineasta (Rita Guedes) que realiza
um documentário sobre prostitutas investiga o caso. "Nossa idéia é
brincar um pouco com os limites
entre ficção e documentário", diz
Zeca Pires.
(JGC)
Texto Anterior: Santa Catarina vive "febre" dos curtas Próximo Texto: Download: Não tem jeito. Oasis provoca avalanche virtual (de novo) Índice
|