São Paulo, segunda-feira, 11 de março de 2002

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Longas captam arcaico e novo da cidade

DO COLUNISTA DA FOLHA

O único ponto em comum entre os dois longas-metragens em produção atualmente em Florianópolis, "Vida e Obra de Seo Chico" e "Procuradas", é o baixo orçamento. Cada um deles deverá custar R$ 800 mil.
À parte isso, não poderia haver dois filmes mais contrastantes. O primeiro é um documentário sobre o camponês Francisco Thomaz dos Santos, o "Seo" Chico, uma espécie de último representante de um modo de vida rural praticamente em extinção, o dos engenhos de farinha e de cachaça na ilha de Santa Catarina.
"Procuradas", por sua vez, é um policial moderno sobre garotas de programa e será ambientado em grande parte em boates e clubes noturnos da cidade.
"Meu documentário não é um filme de quintal", diz José Rafael Mamigonian, 28, diretor de "Seo Chico". "É um registro antropológico e humano de interesse universal. Quero fazer um filme à altura dessa cultura agonizante."
Em 1996, o cineasta rodava um curta sobre "Seo" Chico quando o camponês foi assassinado em circunstâncias não esclarecidas até hoje. Concluiu o curta só com imagens fixas e depoimentos em "off" do personagem. Guardou o material filmado (com fotografia de Mario Carneiro e câmera de Dib Lutfi) para o longa.
Agora, Mamigonian -mais conhecido como Zé Rafael- pretende exibir o material filmado para a comunidade onde "Seo" Chico vivia e filmar a repercussão. "É um pouco a estrutura do "Cabra Marcado para Morrer"."
Por sua vez, os diretores Zeca Pires, 40, e José Frazão, 52, pretendem apresentar em "Procuradas" um painel abrangente de Florianópolis, mostrando tanto pontos modernos da cidade como vilarejos antigos onde ainda se cultivam ostras, como Ribeirão da Ilha.
No filme, que será rodado em vídeo digital e depois transferido para película de 35 mm, duas garotas de programa (uma delas vivida por Deborah Secco) desaparecem durante um passeio de barco com dois executivos. Uma cineasta (Rita Guedes) que realiza um documentário sobre prostitutas investiga o caso. "Nossa idéia é brincar um pouco com os limites entre ficção e documentário", diz Zeca Pires. (JGC)


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