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CINEMA
Comédias assumem a liderança das bilheterias dos EUA durante conflito
Guerra tira os americanos das salas de exibição
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Os americanos colaram os olhos
na TV para acompanhar a guerra,
e a bilheteria do cinema nos EUA
desabou. A arrecadação total dos
últimos quatro finais de semana,
US$ 406 milhões, é 21% menor
que a do mesmo período do ano
passado -e, com o aumento do
preço dos ingressos, estima-se
uma queda ligeiramente superior
no total de espectadores.
Até a semana anterior à do início do conflito no Iraque, a tendência era inversa, ainda que por
uma pequena margem: a bilheteria deste ano vinha superando sua
antecessora em 2%.
Os dois piores finais de semana
do ano para o cinema americano,
os únicos em que a arrecadação
não alcançou os US$ 100 milhões,
ocorreram durante o conflito.
Mesmo para quem encabeçou a
lista dos filmes mais vistos a situação não foi muito boa.
A comédia "Head of State", por
exemplo, faturou US$ 13,5 milhões no penúltimo final de semana. No período equivalente do
ano passado, "Blade 2, o Caçador
de Vampiros" fazia mais que o
dobro, US$ 32,5 milhões.
As comédias, aliás, são as que
mais tem se sobressaído no ano
da guerra. Dos dez filmes de
maior arrecadação até aqui, seis
são do gênero, o dobro das três
comédias de "sucesso" até esse
ponto do ano passado.
A partir da escalada militar, as
comédias lideraram três dos quatro finais de semana -só não o fizeram no último, quando o primeiro lugar coube ao suspense
"Por um Fio" ("Phone Booth"),
de Joel Schumacher.
Produtores temem que o tombo
na bilheteria se espalhe pelo mundo, mas neste caso por causa das
estrelas de cinema, mais reticentes em viajar para promover seus
filmes, situação agravada pelo pânico espalhado pela Sars (síndrome respiratória aguda grave).
Para a indústria, a inversão financeira vista agora é até certo
ponto surpreendente, já que nem
sempre a guerra afugentou os espectadores. Após os atentados de
11 de setembro de 2001, por exemplo, o cinema funcionou como
ferramenta de escapismo coletivo
e viu sua arrecadação subir.
Desta vez, ao lado do conflito,
executivos da indústria americana culpam o calendário de lançamentos programado, sem nenhum grande destaque, pela queda na bilheteria. Por esse ponto de
vista, há chances de o cinema
americano iniciar sua reação neste final de semana -a indústria
avalia que a estréia da comédia
"Anger Management", com Jack
Nicholson, vai rechear o caixa. E
aposta na abertura da temporada
de verão em três semanas.
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