São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2011 |
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OPINIÃO Como paixão, gastronomia floresce no mundo todo JOSIMAR MELO CRÍTICO DA FOLHA Nos últimos 25 anos, muito mudou na gastronomia brasileira. E quem pensa que esse foi um fenômeno local, provocado, está vendo só uma árvore, não a floresta. A gastronomia floresce no mundo todo. Se em São Paulo, nos anos 80, os restaurantes mais importantes eram italianos ou franceses, a coisa não era muito diferente em Nova York ou Londres. Hoje, em qualquer uma delas, há chefs locais reinterpretando cozinhas nacionais ou reproduzindo com qualidade receitas de tradição. Mudou o mundo, o florescer da busca por qualidade de vida, da luta pelo direito dos consumidores, da defesa do ambiente e da busca da qualidade do que comemos e bebemos (não mais vinho doce de garrafa azul...). A gastronomia foi assumida como paixão: como trabalho criativo, lazer, objeto de cursos universitários e conversas de botequim. Passou a ser reconhecida como fenômeno cultural, digno de ser estudado e defendido. E seus protagonistas, os chefs, ganharam admiração e respeito. Houve uma revolução protagonizada pela vanguarda espanhola liderada por Ferran Adrià. Seus experimentos com sensações, sua ousadia técnica, maravilharam os que buscam novas fronteiras na arte, mas geraram furor conservador poucas vezes visto num assunto normalmente cercado de glamour. Hoje, para um certo segmento, virou moda a nostalgia da "comida da avó", levantada em oposição à cozinha sofisticada e criativa. Usam-se argumentos a favor da "cozinha sem frescura" ou platitudes como "cozinhar é só fazer comida" (como se fosse simples assim...). As últimas décadas mostraram que cozinhar exige habilidade, conhecimento e suor e, no caso dos grandes chefs, genialidade. O reconhecimento dessa dimensão foi uma grande aquisição que marca o nosso tempo. Texto Anterior: Moda à mesa Próximo Texto: Foco: Frente ao machismo do funk, Lacraia deu aula de como quebrar preconceito Índice | Comunicar Erros |
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