São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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CRÍTICA DRAMA

Relação tensa entre pai e filho origina espetáculo monótono

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Dois textos canônicos foram o ponto de partida na criação de "Nomes do Pai", um espetáculo experimental dirigido por Ruy Cortez em colaboração com a Cia. da Memória e o dramaturgo Luís Alberto de Abreu.
Em "Carta ao Pai", escrita por Franz Kafka, o autor se examina ao explicar a tirania de seu pai.
Com outra vertente, as "Cartas a um Jovem Poeta", de Rainer Maria Rilke, revelam o processo criativo como um ato solitário e assustador.
O desafio aqui é condensar as referências em uma dramaturgia inteiramente construída com gestos. Os conflitos do embate entre pai e filho são retratados de maneira sintética em cenas curtas que abordam desde temas mais íntimos, como a necessidade de enfrentar o pai, aos mais abrangentes, como a herança patriarcal.
Em um espelhamento singelo, pai e filho reagem da mesma forma ao afrouxarem gravatas e despirem-se lentamente até que, numa virada de expectativa, o filho veste a roupa do pai.
No palco, a presença física dos atores Fábio Takeo e Rafael Steinhauser atenua-se com seus rostos doces. Cenas poéticas desdobram-se em outras mais prosaicas. Sentado numa sinagoga, o filho é obrigado a repetir o ritual do pai. Ensinando o filho a comer, o pai corrige sua postura.
O desenrolar não escapa ao risco de reproduzir o mesmo ritmo: ora o filho se submete à figura do pai, ora sua ascensão aponta para a fragilidade de seu genitor. A montagem acaba por sofrer com a proposta de sintetizar tensões dramáticas em ações físicas pois torna-se impossível não cair em monotonia e a repetição do mesmo desenho no palco resulta em autofagia.


NOMES DO PAI

QUANDO sáb., às 18h; dom, às 17h; até 4/7
ONDE Ágora Teatro (r. Rui Barbosa, 672, Bela Vista, tel. 0/xx/11/ 3284-0290)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular




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