LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

A importância que uma banda como a inglesa Oasis insiste em manter na música pop pode ser medida pelo tamanho do especial que uma emissora de TV daqui reserva ao grupo dos Gallagher, que há dois anos não lança nada.
Bastou o burburinho de uma apresentação única que a banda acaba de fazer no festival Glastonbury, lá na Inglaterra, para o entre-várias-coisas-carismático Oasis ganhar da Eurochannel, neste domingo, a partir das 19h, um programa de três horas. Os fãs de Noel e Liam agradecem.
O agradecimento é mesmo válido. Um terço das três horas gastas com os clipes sempre mais ou menos do Oasis será dedicado a um especial de TV feito em cima de um dos personagens mais importantes da banda, sem nunca ter tocado um instrumento.
Não só pelos clipes e performances ao vivo, o Eurochannel contará a história do Oasis pela trajetória pessoal do empresário escocês Alan McGee, que aconteceu de ser o dono da mais importante gravadora britânica dos anos 90, a Creation. Que só foi a mais importante porque McGee, em uma noite de bebedeira em Glasgow, achou o Oasis.
"Alan McGee, o Homem que Descobriu o Oasis", que abre a maratona Gallagher às 19h, é a certidão de nascimento da banda inglesa mais fervorosamente adorada da Inglaterra depois dos Beatles. Mas para isso os simpatizantes de Noel e Liam vão ter que atravessar McGee mostrando seu escritório, indo ver jogo do Rangers, seu time do coração e tal.
Em compensação, encontrará entrevistas com Malcolm McLaren e Jim Reid (Jesus & Mary Chain). E vai desfrutar cenas históricas da apresentação do Oasis no King Tuts Wah Wah Hut, em 1993. No dia, o Oasis não estava nem anunciado e tocou quatro músicas. McGee achou brilhante o que viu e correu atrás para fechar o contrato e moldar a história da música pop e da sociopolítica britânica dos anos 90.