São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998

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24ª Bienal quer ver a tela sumida de Daniel Senise


Pintor está confirmado no evento, com duas telas, mas uma sumiu; ganha ainda livro sobre sua obra e prepara mostra para dezembro em NY, onde monta seu novo ateliê


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local


O pintor carioca Daniel Senise é o novo nome brasileiro na 24ª Bienal, em outubro. Comparece com duas telas de 1993: "Beijo do Elo Perdido" e "Beijo do Elo Perdido 2".
A primeira serviu recentemente de base para a participação de Senise no projeto Philips Eletromídia da Arte, que veiculou trabalhos de artistas brasileiros em painéis eletrônicos.
As duas telas trabalham com uma mesma imagem: dois crânios que se beijam e se bicam e que, juntas, delineiam um símbolo de infinito.
A escolha das obras já esbarrou em um problema: a localização da segunda, que pode estar nos EUA ou no México, mas que ainda não foi localizada pela galeria internacional do artista, a mexicana Ramis Barquet. Senise, que se encontra em Nova York, cidade onde tem um apartamento e está montando um novo ateliê, no Brooklin, também não sabe para quem ela foi vendida.
Os brasileiros na Bienal estão sendo trabalhados basicamente sob dois prismas: um antropológico e político e outro mais subjetivo e psicanalítico. Daniel Senise entra no segundo grupo.
"Assim como Leonilson, Senise trabalha com questões canibais como a fusão e a incorporação do outro. Quando os dois crânios se encontram remetem a questões como a troca, a morte e o infinito", disse Adriano Pedrosa, curador-adjunto da Bienal.
As duas obras de Senise não ficarão próximas no espaço da Bienal para não gerar qualquer tipo de comparação, algo que não seria interessante para o evento, mas em espaços separados. "Isso deve gerar uma confusão entre os espectadores, que podem pensar que estão vendo uma obra que já viram antes", disse Pedrosa.
Junto à Bienal, está previsto o lançamento, pela editora Cosac & Naify, de uma monografia do artista, "Ela que Não Está", com texto de Dawn Ades, a curadora da mostra do irlandês Francis Bacon no evento.
A editora estará com outros seis livros de artistas da Bienal: Arthur Omar ("Antropologia da Face Gloriosa"), Tunga ("Barroco de Lírios"), Edgard de Souza ("Edgard de Souza"), Leonilson ("Use, É Lindo, Eu Garanto"), Miguel Rio Branco ("Silent Book") e o catálogo "Antarctica Artes com a Folha" (que contou com as participações de Sandra Cinto e Rivane Neuenschwander).




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