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ANÁLISE
Agilidade garante sucesso de novela das sete
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Da Cor do Pecado" vai terminando em alta. Talvez
o sucesso da novela de estréia de
João Emanuel Carneiro, com supervisão de Silvio de Abreu e direção-geral de Denise Saraceni, esteja no ritmo acelerado.
A novela mistura um convencional melodrama de apoio, com
quadros mais ousados, de humor
irreverente. A receita não é nova
nem fácil. Aqui deu certo.
A família Sardinha, liderada por
mamushka Edilásia (Rosi Campos), ameaça virar filme e seriado.
O peso do núcleo de personagens
modernos, naturais, alternativos
foi se expandindo. Nossos heróis
geraram uma gangue rival, espécie de encarnação das "Meninas
Superpoderosas".
A novela combina elementos de
cartum, com humor pastelão e
alusões a um encantado universo
de esporte e saúde -surfe, figurinos despojados e interiores arejados pouco convencionais.
Como quem não quer nada, ao
lado de mocinhos e vilões escancarados, a novela testa arranjos
flexíveis. Há famílias por afinidade, padrões femininos e masculinos e relações inter-raciais tolerantes, na chave da ação afirmativa. Mas o que faz o sucesso de "Da
Cor do Pecado" é a mão firme do
roteirista na condução de intrincadas e infindáveis tramóias.
Afonso (Lima Duarte) foi atingido no capítulo do dia 20 de julho, morreu no dia seguinte e uma
semana depois seu filho já estava
preso e condenado. Hoje, Paco/Apolo (Reynaldo Gianecchini), em
liberdade, está prestes a se casar
com uma Bárbara (Giovanna Antonelli) repentinamente convertida a uma paixão alucinante.
João Emanuel Carneiro domina
os principais temas da dramaturgia universal, conduzindo a narrativa com agilidade inédita.
Equipe e direção afinadas garantem que a história sempre surpreenda. O segredo do sucesso
possivelmente tem a ver com a
sintonia entre o ritmo alucinado
da narrativa e o cotidiano contemporâneo. Nessa novela, como
na vida, quem perdeu dançou.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
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