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Crítica/rock
Futureheads aprofunda legado pós-punk
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Para muita gente, o pós-punk foi o período mais
frutífero do rock and
roll. Foi onde o punk ganhou
aura artística, em que as guitarras passaram a brincar com
melodias da black music. Essa
época pode ser localizada entre
1977 e 1984, mas, também, entre 2001 e... Se depender de
bandas como Futureheads, o
legado não terminará tão cedo.
Pouco tempo depois do lançamento no exterior, chega às
lojas brasileiras o segundo disco do quarteto inglês, "News
and Tributes", que aprofunda
as referências a grupos como
The Jam, Wire e Killing Joke.
Há poucos anos, essas bandas retornaram à ordem do dia
por meio de novos nomes, como Franz Ferdinand, Bloc
Party, Maximo Park, Rapture...
Em 2005, o crítico Simon
Reynolds publicou o obrigatório "Rip it Up and Start Again:
Post Punk 1978-1984" -sem
previsão de lançamento no
Brasil-, livro em que aponta as
particularidades dessas bandas
(esticam ao máximo suas guitarras com poucos acordes, o
baixo bate forte e as letras vão
do inconformismo social à alienação e desilusões amorosas).
Enquanto Rapture, Franz
Ferdinand e Maximo Park vão
buscar inspiração nas melodias
dançantes do Gang of Four, o
Futureheads parece preferir a
urgência rítmica e o discurso de
bandas como The Jam e Wire.
A comparação tem a ajuda da
voz de Barry Hyde, semelhante
à de Paul Weller, do Jam.
Além das influências, dá para
situar o Futureheads com o
Franz Ferdinand pela maneira
como as duas bandas encararam o segundo álbum. Tanto
um como outro trazem discos
menos imediatos, menos pop
do que os de suas estréias -e aí
tem-se a impressão de que procuram escapar das inevitáveis
comparações com o passado.
Não há, em "News and Tributes", nenhuma canção com o
apelo de "Decent Days and
Nights" ou "Hounds of Love" (o
cover de Kate Bush).
O disco abre com "Yes/No" e
sua bateria marcial. O refrão é
cantado em coro, como se fosse
um grito de protesto niilista e
sem nenhum alvo definido.
É, de fato, um grito de inconformismo, desespero, de alguém que sabe que as coisas estão fora do lugar mas não sabem como nem onde está a solução. Esse é o tom de "Fallout"
e também do single "Skip to the
End" (que foi remixado por DJs
como Erol Alkan e Digitalism).
"Como você se atreve?", brigam eles em "Cope". "Nós mentimos porque a verdade é pior",
afirmam em "The Return of the
Berseker". As canções do Futureheads não indicam saídas,
não apontam direções, mas
possuem energia e uma certa
tensão que faz falta hoje em dia.
NEWS AND TRIBUTES
Artista: The Futureheads
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35, em média
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