São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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CDs

Samba
E Aí?
   
JORGE ARAGÃO
Gravadora:
Indie; Quanto: R$ 30
Depois de se tornar campeão de vendas com discos ao vivo e outros um tanto pasteurizados, Jorge Aragão deixa os teclados e as fórmulas industriais de lado e faz um CD que passeia pelas melhores vertentes do samba. A chula "À Sombra da Amendoeira", o sincopado "Adepto do Samba Sincopado", o samba-de-empolgação "Agitar Geral", o partido-alto "Malaco", o samba de levada portelense "Retrato da Desilusão" e os românticos "E a Vida Mudou" e "Emoção Sincera" honram suas respectivas tradições. Ainda há duas surpresas: uma versão para "Partido Alto" (Chico Buarque) e a redescoberta de "Mané João" (Roberto e Erasmo Carlos).
POR QUE OUVIR: boas músicas, arranjos baseados na percussão e um balanço que os teclados não sabem dar. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

Jazz
The Cat
   
JIMMY SMITH
Gravadora:
Verve/Universal; Quanto: R$ 35
Os arranjos para big band do argentino Lalo Schifrin, especialista em trilhas para o cinema, acrescentam um tempero especial a essas gravações de 1964. O tema do filme "Joy House", que abre o álbum, já instala um divertido clima de mistério. Escrito para o mesmo filme, "The Cat" é um saboroso boogaloo de essência jazzística, que volta e meia tem sido resgatado em programas de TV. Versões orquestrais de outros clássicos do blues desfilam nas faixas seguintes, como "Basin Street Blues", "St. Louis Blues" e "Blues in the Night", recheados de metais estridentes. Mas nada ofusca o brilho do órgão de Jimmy Smith.
POR QUE OUVIR: Smith foi o maior responsável pela popularização do órgão no universo instrumental do jazz. Seus solos costumam ser excitantes e cheios de suingue. (CARLOS CALADO)

Rock/folk
Rabbit Fur Coat
   
JENNY LEWIS WITH THE WATSON TWINS
Gravadora:
Trama. Quanto: R$ 30, em média
Jenny Lewis possui uma bela e incisiva voz, o que dá ainda mais poder às suas canções, que nos trazem bastante do clima folk/country norte-americano. Lewis é integrante da banda indie Rilo Kiley, e neste seu álbum solo traz influências claras de Bob Dylan e até de Dusty Springfield. Aqui ela vai de agitados blues a baladas tristonhas, desenhando um clima rural, abrasivo e selvagem.
POR QUE OUVIR: O álbum tem seus pontos fracos, mas eleva-se por canções inspiradas, como a blueseira "The Big Guns", "You Are What You Love" e a bonitinha "The Charging Sky". (THIAGO NEY)

Rock
Live from Dakota
   
STEREOPHONICS
Gravadora:
Sum; Quanto: R$ 45
Primeiro registro ao vivo da banda galesa, que já soma cinco discos, o álbum duplo tem a vantagem de mesclar bem o repertório irregular. Privilegia o bom último disco, cujo hit indie "Dakota" se destaca, e recupera pérolas do início da carreira do trio, como "A Thousand Trees" e "Looks like Chaplin". Demagógico, o ótimo vocalista e guitarrista Kelly Jones faz questão de registrar que as versões são puramente ao vivo. Garantidas as imperfeições em canções como "Vegas Two Times" e "Madame Helga", surge uma banda raçuda dos anos 90 que busca os anos 70 e reencontra um pouco da magia de seu honesto início.
POR QUE OUVIR: O rouco e agudo Kelly tem uma voz tão grandiosa quanto seu ego. Quando acerta o repertório de riffs diretos em vez de cantar determinadas bobagens, é de arrepiar. (MÁRVIO DOS ANJOS)

Rock
Black Holes and Revelations
  
MUSE
Gravadora:
Warner; Quanto: R$ 35
Radiohead porradeiro, metal enrustido, banda sem identidade. O Muse sempre foi uma banda vista de soslaio, inspirando dúvidas até que o terceiro disco, "Absolution", que girava em torno de imagens do Juízo Final, o definiu: uma banda virtuosa, sem deixar de ser pop, e absurdamente dramática. Nervoso e primoroso nos sintetizadores e percussões eletrônicas, "Black Holes and Revelations" tenta continuar a perdição de "Absolution", mas se perde em composições abaixo dos arranjos. O curioso é que Matthew Bellamy, sempre criticado por soar como Thom Yorke, do Radiohead, parece cada vez mais se aproximar de Bono.
POR QUE OUVIR: "Supermassive Black Hole" emula uma dance à Britney Spears e é descontração para esta banda paranóica. (MDA)

DVDs

Rockabilly
Best of
   
CHRIS ISAAK
Gravadora:
Warner. Quanto: R$ 55, em média
Para toda uma geração que assistia à MTV no começo dos anos 90, Chris Isaak será sempre lembrado como o espertalhão que ficava malhando uma garota linda e quase nua numa praia paradisíaca. Era o clipe de "Wicked Game", que impulsionou sua carreira e serviu de trilha para "Coração Selvagem", de David Lynch. De lá para cá, Isaak criou uma bela e modesta carreira de envolventes rocks regressivos, como se fosse uma versão mais libidinosa de Roy Orbison. E continuou à caça de beldades. Praticamente todos os clipes do DVD seguem a fórmula "linda moças com muita pele à mostra + paisagens + um cantor nada bobo entre elas".
POR QUE VER/OUVIR: Isaak reúne ótimos diretores, como o fotógrafo Herb Ritts ("Wicked Game") e o cineasta Gus van Sant ("San Francisco Days", com um cachorrinho percorrendo a tela, é impagável). (BYS)


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