Obra de Teté Ribeiro aborda mitos como Lady Di, Ingrid Bergman e Tina Turner

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A expansão em escala industrial do culto às celebridades fez muita gente esquecer que os ídolos são também pessoas de carne e osso, que sofrem e são maltratados, em vez de se confundirem com semidivindades nutridas apenas de glamour, como nos tentam fazer acreditar.
É nesse "outro lado" que a jornalista Teté Ribeiro, colaboradora da Folha, investe no terceiro livro que publica, "Divas Abandonadas".
Com o subtítulo "Os Amores e os Sofrimentos das Sete Maiores Divas do Século 20", o trabalho é uma pesquisa biográfica da trajetória de glória e infelicidade de Lady Di, Ingrid Bergman, Jackie O., Sylvia Plath, Maria Callas, Tina Turner e Marilyn Monroe. Do conjunto de mitos selecionados por Ribeiro, apenas a cantora Tina Turner ainda ocupa lugar entre os vivos ) -e hoje está numa fase de semi-aposentadoria.
A escolha de nomes demonstra um interesse da autora por duas características recorrentes de seus perfis. Primeiro, todas são mulheres. Segundo, todas tiveram trajetórias marcadas pelo brilho do "star system", mas nem por isso suas vidas foram exclusivamente um mar de rosas.

Pés de barro
É este o principal interesse do trabalho da jornalista, já que "Divas Abandonadas" não se resume a relatar a beleza e o glamour dessas deusas.
É pelo fator trágico de suas existências que a autora mais se interessa, o que funciona como um antídoto à informação produzida pelo "jornalismo" de celebridades, movido a notas plantadas pelas assessorias de imprensa e consultores de imagem das estrelas e estrelinhas que povoam nosso cotidiano.
Em vez de focar exclusivamente na "star quality" de suas personagens, Ribeiro constrói um texto que valoriza as idiossincrasias, os egoísmos, as traições e tantos outros aspectos humanos que revelam os pés de barro dessas criaturas de aspecto divino.
Para isso, a autora pesquisou as dezenas de biografias já publicadas sobre cada personalidade, guardando delas, de forma resumida, os aspectos mais pessoais de suas trajetórias.
Como jornalista experiente, o texto de Ribeiro injeta fluidez aos relatos, que fazem do livro uma leitura amena e rápida. Infelizmente, não chega a trazer novas revelações ou descobertas acerca de suas personagens, mas confirma que bons jornalistas estão sempre a um passo de se converterem em bons biógrafos.