São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Estudo segmentado dificulta entender a crise, diz Morin

Para pensador, 'separação artificial' entre economia e demais disciplinas impediu que se previsse crise atual

Ele fez palestra na Sala São Paulo anteontem, dentro do ciclo de seminários Fronteiras do Pensamento

DE SÃO PAULO

A "separação artificial" entre a ciência econômica e as demais disciplinas, no âmbito acadêmico, é o motivo pelo qual os economistas não conseguiram prever a atual crise global nesse setor.
A opinião é do pensador francês Edgar Morin, 90, que fez palestra anteontem na Sala São Paulo, dentro do ciclo de seminários Fronteiras do Pensamento, do qual a Folha é parceira.
"A especulação financeira domina os povos e é mais forte que tudo. Mas, vejam, 95% dos economistas não conseguiram prever a crise de 2008 nem a atual", afirmou.
"Enquanto pensarmos isoladamente em economia, política, filosofia, psicologia, seremos incapazes de entender os problemas globais." Antropólogo, sociólogo e filósofo, Morin é um dos grandes intelectuais do século 20. Pai da teoria da complexidade, na qual defende a interligação dos conhecimentos, é autor de mais de 60 livros.
Ele substituiu no evento o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que cancelou a vinda por problemas de saúde e participou por meio de uma entrevista gravada, exibida em vídeo antes da palestra.
O livro mais recente de Morin, "La Voie - Pour l'Avenir de l'Humanité" (a via - pelo futuro da humanidade), lançado em janeiro na França e com previsão para 2012 no Brasil, serviu de roteiro para sua palestra.
A obra reflete sobre os desafios trazidos pela globalização. Para Morin, todas as crises atuais estão ligadas. "A proliferação das armas de destruição em massa, a degradação da biosfera, a economia mundial sem regulação -pela primeira vez, existe uma interconectividade."
"Mas esse perigo vital tem um lado positivo: aqui temos também a possibilidade de fundar uma nova humanidade e fazer da Terra uma nação comum", acrescentou.
Morin falou da ambivalência da globalização, citando a criação de zonas prósperas e a proliferação da pobreza, ou o excesso de individualismo em contraponto à liberdade de expressão.
"A nave Terra está sendo conduzida sem um piloto, mas não podemos perder a esperança. A humanidade já conseguiu se regenerar diversas vezes, lembrem-se de Buda, Jesus, Maomé ou mesmo do florescimento do capitalismo enquanto o feudalismo gangrenava", afirmou.


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