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Historiador foi best seller no século 19
de Paris
Uma das grandes marcas do trabalho de Jules Michelet é o destaque que ele dá a personagens que,
até então, eram desprezados pelos
historiadores.
O povo, em sua obra, deixa de
ser o mero espectador dos acontecimentos e se torna um agente importante da história. Em "O Povo", de 1846, Michelet analisa as
características do povo francês e
propõe soluções para a conturbada situação no resgate dos valores
populares.
Ele justificava essa simpatia pelo
povo por causa de sua história
pessoal. Sua família tinha origem
humilde e Michelet chegou a passar fome na infância.
"Para conhecer a vida do povo,
seus trabalhos e sofrimentos,
foi-me suficiente interrogar minhas recordações", escreveu ele
no prefácio de "O Povo".
Michelet também valorizou o
papel histórico das mulheres, por
meio de obras como "A Feiticeira", "Joana D'Arc" e "As Mulheres da Revolução Francesa".
Em "A Feiticeira", por exemplo,
realizou uma vigorosa defesa das
mulheres que, na Idade Média,
eram consideradas como portadoras de poderes diabólicos e, não
raro, acabavam na fogueira.
Para Michelet, essas mulheres,
em geral, detinham ou um grande
poder de sedução, e eram vítimas
de intrigas decorrentes, ou eram
condenadas por rivalizar com a
Igreja Católica ao deter conhecimentos na área da medicina.
Assim, Michelet se tornou referência para movimentos feministas que começaram a surgir na segunda metade do século 19.
"A Mulher", de 1859, faz parte
de uma série de livros que Michelet publicou baseados na observação da natureza e do estudo de história natural.
Esses livros ("O Pássaro", "O
Inseto", "O Mar", "A Montanha" e "O Amor", entre outros)
renderam a Michelet uma enorme
popularidade. As edições eram esgotadas em poucas semanas (em
1858, foram imprimidos 30 mil
exemplares de "O Amor" em
pouco mais de um mês) e valeram
a Michelet uma confortável situação financeira nos últimos anos de
de sua vida. Um caso raro de historiador best seller.
(RA)
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