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Tanita Tikaram volta virada do avesso
da Reportagem Local
Tanita Tikaram, 28, cantora e
compositora nascida na Alemanha de pais de origem asiática e
criada na Inglaterra, já foi uma
chata de galocha. Em "The Cappuccino Songs" (belo nome, Tanita), volta transfigurada.
Ela despontou em 88 -quando
tinha apenas 18, portanto-, exibindo um trabalho que fazia confluírem três influências predominantes: folk, country e soul.
O sucesso maior era, à época,
"Cathedral Song" (que Renato
Russo regravou em seu primeiro
disco solo e, na mesma época, Zélia Duncan transformou em "Catedral"), bem medonha.
No todo, era um trabalho tímido
(agravado pelo estilo de interpretação, monocórdico apesar da bela voz grave), que fez a artista, ao
longo de cinco discos, despontar
para o anonimato. Foi quando
abandonou sua gravadora, Warner -e saiu atirando pesado, dizendo-se impedida de mudar/evoluir. "The Cappuccino Songs",
primeiro trabalho pós-Warner,
revoluciona todas as perspectivas.
A cantora folk seriona deu lugar
a -pasme- uma garota interessada em Abba (regrava, do conjunto sueco, "The Day Before You
Came") e no que de mais sofisticado existe no lado kitsch do pop.
O álbum é uma coleção de peças
brega-chiques inspiradas. "Amore Si", um dos melhores momentos, é a cara do pop de cabaré dos
Pet Shop Boys -sim, pode pensar
em Noël Coward também.
Desfilam arranjos quase sempre
orquestrados -mas alérgicos à
pompa e à pretensão. É tudo brincadeira, séria brincadeira. Brilham
a épica "Stop Listening", "Back
in Your Arms" e, mais que todas,
"The Cappuccino Song".
Há aqui um belo tratado de como o pop pode significar entretenimento desabalado sem idiotia.
Björk -que Tanita parece querer
imitar no visual- podia aprender
umas coisinhas com ela.
(PAS)
Disco: The Cappuccino Songs
Artista: Tanita Tikaram
Lançamento: PolyGram
Quanto: R$ 18, em média
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