São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Comida

Made in Asia

Tah-tsai, pai-tsai, horenso, komatsuna... Difíceis de pronunciar, esses são os nomes de algumas das verduras orientais cujo cultivo cresce em solo brasileiro

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Domingo, 4h40 da manhã.
Lee Hoan Liang chega ao Mercado Municipal do Produtor, o antigo Cobal, em Mogi das Cruzes, e circula entre as barracas do varejão. Na escuridão, algumas ainda nem terminaram de ser montadas.
Examina e, de repente, pára diante de uma, pergunta o preço, faz as contas, saca um bolo de dinheiro do bolso e arremata todo o estoque de uns nabos lindos, redondos, graúdos.
Sua mulher, Hsuen Ju Fann Lee, dispara em outra direção e encontra umas ervilhas diferentes, de bordas arroxeadas. "É orelha-de-padre vermelha", explica, enquanto compra os três únicos pacotes disponíveis.
E continuam, mandando encaixotar maços e mais maços de pai-tsai, horenso e komatsuna, sem dar a mínima para os pés de alface e as pilhas de brócolis que ocupam uma boa parte das barracas do varejão. "Só coisa diferenciada", diz Lee.
Dali, as compras de Lee e Hsuen juntam-se aos cogumelos cultivados por eles e vão para a Liberdade, em SP. Aos domingos, o ponto é a rua Galvão Bueno; durante a semana, a praça da Liberdade. Boa parte do que trazem é vendida a donos de restaurantes e mercearias, principalmente da região.
Às 6h30 da manhã, os clientes parecem brotar da calçada do bairro oriental paulistano. É senhor Lee pra cá, senhor Lee pra lá, e, quando vê, uma chinesa já se encarapitou dentro de seu furgão à procura de uma verdura que não está à vista.
Radicado há 13 anos no Brasil, o taiwanês Lee diz que, quando chegou, era difícil encontrar as verduras às quais estava habituado. "Agora elas estão mais populares", diz.

Tsai o quê?
A maior oferta das tais hortaliças inusuais, ao menos para o olhar da maioria dos brasileiros, deve-se a algumas propriedades de Mogi das Cruzes, onde vivem muitos orientais ou descendentes -japoneses, chineses, taiwaneses e coreanos.
Parte dos lavradores enxergou no repertório alimentar oriental uma chance de diversificar a produção e se diferenciar, plantando aqui os sabores de outras terras. "As verduras chinesas vendem mais do que as japonesas. Os japoneses já estão na quarta, quinta geração. E os chineses estão na segunda, no máximo na terceira. Então, eles conhecem, ainda têm essa ligação", diz Luís Yano, que planta a chinesa tah-tsai.
Como outros produtores, aos domingos Tadeu Kumano vende as verduras asiáticas que cultiva direto ao consumidor. As triviais, apesar de plantar, não leva. "Não tem saída. Tem que ter mais variedade do que quantidade", diz Kumano.
Com nomes complicados de pronunciar e escritos das mais diversas formas, boa parte das verduras de origem chinesa têm em comum a palavra "tsai", que quer dizer vegetal. Chinesas ou não, são vendidas em maços enormes, e há variedades para todos os gostos: da hoje trivial acelga chinesa (chinguensai) a outras bem diferentes, como a tah-tsai e a horenso.

Onde encontrar

Locais para comprar verduras de origem asiática

Mercado Municipal do Produtor
av. Prefeito Carlos Ferreira Lopes, 550, Mogi das Cruzes, tel. 0/xx/11/4790-5950
domingo, das 6h às 12h

Banri
r. Galvão Bueno, 160, Liberdade, tel. 0/xx/11/3208-7232

Towa
pça. da Liberdade, 113, Liberdade, tel. 0/xx/11/3105-4411


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