São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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Filho do cantor é "cliente do ano do fórum"

DA SUCURSAL DO RIO

Tim Maia nunca compareceu a uma audiência judicial. E não foi por falta de oportunidade, como mostra a biografia e, também, Carmelo Maia.
"Eu herdei não só a obra, mas quase 400 processos", diz o único filho de sangue -o cantor Léo Maia, 33, é filho da mãe de Carmelo com outro homem, embora Tim se considerasse seu pai. Parte dos processos foi movido pelo próprio cantor, mas nem assim ele ia.
Administrador do espólio, Carmelo Maia está se formando em direito, mas as maiores aulas têm na prática. "Sabe quando você vai num fast-food e tem o retrato do funcionário do mês? Sou o cliente do ano do fórum. Toda semana estou lá", conta ele, que receberá royalties pelas vendas da biografia.
Maia estudou para ser ator, mas nunca teve o apoio do pai. "Isso é coisa de puta e de vagabundo. Vai estudar, "mermão!'", aconselhava Tim, que também não deixava o filho beber nem fumar maconha.
"Na casa dele, eu abria a latinha com cuidado. E, quando ele chegava, escondia atrás do sofá. Comecei a beber quando fui corno pela primeira vez", relata, com o humor paterno.
Trompetista amador, ele classifica Tim como "muito amoroso". "Ele me amou da maneira dele", resume.
"Ele gritava do lado de fora: "Ô, Telmo!". Eu morria de vergonha, mas hoje me divirto", lembra. Na hora de registrá-lo, Tim hesitou entre Carmelo e Telmo. Optou pelo primeiro nome, mas sempre chamou o filho pelo segundo.
Um punhado dos processos de que Tim foi réu é de autoria de músicos que não receberam o que ele lhes devia.
Nem todos aceitavam maconha como pagamento ou gostavam de ficar sujeitos ao humor do chefe, que podia arrastar promessas por meses e, de repente, dar ao credor um maço de dinheiro com mais do que devia.
Mas há os que defendem com ardor o amigo. É o caso do guitarrista Renato Piau, que tocou por 15 anos com Tim e chega a dizer que ele "não tinha nada de doidão". "Era um cara sério. Muitos shows que ele não fazia é porque os empresários não pagavam", diz -uma verdade, aliás. "Mas às vezes ele enlouquecia muito e era melhor não ir mesmo", diz outra verdade.


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