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Filho do cantor é "cliente do ano do fórum"
DA SUCURSAL DO RIO
Tim Maia nunca compareceu a uma audiência judicial.
E não foi por falta de oportunidade, como mostra a biografia e, também, Carmelo Maia.
"Eu herdei não só a obra,
mas quase 400 processos", diz
o único filho de sangue -o
cantor Léo Maia, 33, é filho da
mãe de Carmelo com outro
homem, embora Tim se considerasse seu pai. Parte dos processos foi movido pelo próprio
cantor, mas nem assim ele ia.
Administrador do espólio,
Carmelo Maia está se formando em direito, mas as maiores
aulas têm na prática. "Sabe
quando você vai num fast-food e tem o retrato do funcionário do mês? Sou o cliente do
ano do fórum. Toda semana
estou lá", conta ele, que receberá royalties pelas vendas da
biografia.
Maia estudou para ser ator,
mas nunca teve o apoio do pai.
"Isso é coisa de puta e de vagabundo. Vai estudar, "mermão!'", aconselhava Tim, que
também não deixava o filho
beber nem fumar maconha.
"Na casa dele, eu abria a latinha com cuidado. E, quando
ele chegava, escondia atrás do
sofá. Comecei a beber quando
fui corno pela primeira vez",
relata, com o humor paterno.
Trompetista amador, ele
classifica Tim como "muito
amoroso". "Ele me amou da
maneira dele", resume.
"Ele gritava do lado de fora:
"Ô, Telmo!". Eu morria de vergonha, mas hoje me divirto",
lembra. Na hora de registrá-lo, Tim hesitou entre Carmelo
e Telmo. Optou pelo primeiro
nome, mas sempre chamou o
filho pelo segundo.
Um punhado dos processos
de que Tim foi réu é de autoria
de músicos que não receberam o que ele lhes devia.
Nem todos aceitavam maconha como pagamento ou
gostavam de ficar sujeitos ao
humor do chefe, que podia arrastar promessas por meses e,
de repente, dar ao credor um
maço de dinheiro com mais do
que devia.
Mas há os que defendem
com ardor o amigo. É o caso do
guitarrista Renato Piau, que
tocou por 15 anos com Tim e
chega a dizer que ele "não tinha nada de doidão". "Era um
cara sério. Muitos shows que
ele não fazia é porque os empresários não pagavam", diz
-uma verdade, aliás. "Mas às
vezes ele enlouquecia muito e
era melhor não ir mesmo", diz
outra verdade.
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