São Paulo, sexta, 11 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA ESTRÉIAS
Sharon Stone vira mãe em "Sempre Amigos'

Kieran Culkin (de óculos) e Elden Henson nos papéis principais de "Sempre Amigos", de Peter Chelsom CLAUDIO CASTILHO
de Los Angeles

Se na vida real Sharon Stone garante ainda não estar carregando no ventre seu primeiro filho, na grande tela a atriz que se transformou na "femme fatale" do começo dos anos 90 ao fazer "Instinto Assassino" experimenta seu lado materno em "Sempre Amigos", que estréia hoje.
Dirigido pelo inglês Peter Chelsom, o filme conta a história de dois garotos que embarcam numa fascinante amizade. Kevin, filho de Sharon Stone no filme, interpretado pelo jovem ator Kieran Culkin, possui cérebro de gênio e físico atrofiado.
Max (Elden Henson) é um adolescente grandalhão e de Q.I. baixo, vítima das zombarias dos colegas da escola.
"Fazer este filme foi uma verdadeira tormenta em minha vida. Senti a dor de perder um filho que nunca tive", desabafou, com lágrimas nos olhos, a atriz, durante recente entrevista à Folha no hotel Four Seasons, de Beverly Hills.
Hoje, aos 40 anos de idade, Sharon Stone vive uma nova fase de sua carreira. Diz-se livre do labirinto sem saída que Hollywood lhe impôs, com filmes de fácil esquecimento.
Stone, entretanto, não busca o caminho mais fácil culpando Hollywood por seu desencanto com os rumos de sua carreira.
Pelo contrário, reconhece que, se alguém errou, esse alguém se chama Sharon Stone. Ela admite que foi esse o preço a pagar em troca do estrelato meteórico.

Folha - Há poucos anos seria difícil acreditar que você estaria fazendo o papel de mãe no cinema.
Sharon Stone -
Sempre sonhei poder fazer personagens diferentes de todos os que eu já interpretei. A oportunidade de ser mãe nesse filme foi uma experiência magnífica e difícil. Foi uma tormenta em minha vida, mexeu com uma série de emoções que nem eu mesma sabia que existiam.
Folha - O que lhe chamou a atenção no roteiro?
Stone -
Andava pensando muito em coisas que para mim tinham valor. Esse filme mostra que o importante é viver qualitativamente, não importa por quanto tempo.
Folha - Por que resolveu se distanciar de Holllywood?
Stone -
Eu saí machucada de minha relação com Hollywood. Nunca fui entendida por muita gente que comanda as peças do jogo dessa indústria. Amo a arte de fazer cinema, mas abomino a política que gira em torno dela. O problema é que fiquei famosa demais em pouco tempo. Passei a me sentir confortável somente quando estava no set, filmando.
Folha - Esse comportamento não teria ocorrido em função de um possível medo de perder tudo o que você havia conquistado?
Stone -
Também, mas o que mais me apavorou foi o risco de nunca mais poder curtir as coisas que realmente aprecio e dou valor na vida em troca da fama.
O que me salvou foi o apoio que recebi de minha família e dos poucos e bons amigos que tenho.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.