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Cegos e especialistas avaliam catálogos em braile
especial para a Folha
Ao final das visitas especiais da
24ª Bienal, que duram cerca de
duas horas, os monitores fornecem um questionário de avaliação
e um catálogo simples, com 12 páginas de textos em letras grandes,
reproduzidos em xerox pelo projeto "Diversidade". Cada grupo de
cegos recebe ainda um catálogo em
braile, com 20 páginas.
Além da apresentação do curador-geral Paulo Herkenhoff, os catálogos trazem breves textos sobre
os artistas Albert Eckhout (1612-1665), Tarsila do Amaral (1886-1973), Cildo Meireles, Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Clark (1920-1988).
A Folha mandou os catálogos em
braile para avaliação em duas instituições especializadas em ajudar
cegos. Dorina Nowill e a revisora
Regina de Oliveira, da Fundação
Dorina Nowill (responsável pelos
catálogos de exposições em braile
dos museus de Arte Moderna e
Contemporânea de São Paulo), e
ainda Lara de Campos Siaulys e
sua mãe Mara, da Laramara Associação Brasileira de Assistência ao
Deficiente Visual, concordam que
publicações sobre cultura em braile são sempre bem-vindas, já que
há pouco material especializado
no Brasil.
Regina aponta outras qualidades, como o formato retangular,
suas dimensões (do tamanho de
folhas de caderno comum) e o tipo
de encadernação (as páginas são ligadas por uma espiral de plástico).
"É possível virar as páginas com
facilidade e mantê-las imóveis enquanto se lê."
Mas há críticas. Mara tem visão
normal, é professora de geografia e
pedagoga especializada em crianças com dificuldades visuais. Para
ela, o conteúdo é para iniciados em
arte. "O nível é alto demais para
quem sempre foi cego."
Para sua filha, Lara, o conteúdo
não é pesado. Ela é cega desde que
saiu da maternidade, há 20 anos,
toca bateria e estuda música popular na Unicamp. "É mesmo intelectualzão. Se o catálogo tivesse 500
páginas, não teria paciência de
ler", conta. "Mas seria bom se
trouxesse ilustrações como os livros didáticos."
Regina, que é cega desde a infância, concorda com Lara. "Desenhos simplificados em relevo complementam a informação. Com
eles podemos entender com mais
facilidade o estilo e as características de cada artista."
Regina ainda sentiu falta de um
índice. "Livros com mais de dez
páginas devem conter índices, o
que facilitaria a busca de informações."
Ela lembra que a diagramação
também é importante. "Nem sempre a disposição do texto na escrita
comum é mais adequada para a escrita em braile."
Mostra: 24ª Bienal de São Paulo
Quando: hoje, das 13h às 21h; amanhã e
domingo, das 10 às 22h. Até domingo
Onde: Pavilhão da Bienal (av. Pedro Álvares
Cabral, s/nº, portão 3, Ibirapuera, tel. 574-5922). Na Internet: http://uol.com.br/bienal/24bienal
Quanto: R$ 10 e R$ 16 (aos sáb. e dom., a
partir das 14h)
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