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QUADRINHOS
Nostalgia de Geraldão, Doy Jorge e sua turma tem que conviver com o presente em nova revista do cartunista
Glauco leva seu "bauzão" para as bancas
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto os quadrinhos alçam
vôos para a internet, as grandes livrarias e as telas dos cinemas, o
pacato Geraldão prefere seguir à
moda antiga: com mais de 18 anos
de publicação na Folha e uma
passagem pela editora Circo,
quando chegou a vender 50 mil
exemplares mensais, o personagem de Glauco, 46, tenta a sorte
outra vez ali na esquina, numa
banca mais próxima de você.
"As livrarias são para um público selecionado. Quero resgatar a
época [anos 80] em que os quadrinhos eram um produto mais
acessível", afirma o quadrinista,
sobre o lançamento da nova revista bimestral "Geraldão", agora
pela editora Opera Graphica.
Inicialmente uma espécie de
"melhores momentos de Geraldão e sua turma" -incluídos aí
Dona Marta, Zé do Apocalipse,
Casal Neuras e Doy Jorge-, a revista pode começar a trazer material inédito nas próximas edições.
"No começo vai ser um bauzão
mesmo, com tiras do tempo em
que nem tinha cor na Folha. Depois de umas duas edições, gostaria de abrir espaço para a molecada nova mostrar seu trabalho",
afirma Glauco.
No primeiro número, já participam seus irmãos Orlandinho Vilas Boas, artista plástico, e Pelicano, cartunista que vem atuando
na imprensa de Ribeirão Preto.
Nascido em Jandaia do Sul, interior do Paraná, Glauco Vilas
Boas (sobrinho dos sertanistas)
começou a publicar no início da
década de 80, época em que se
mudou para São Paulo e se transformou na caricatura e inspiração
do próprio Geraldão: "Eu ficava
muito sozinho dentro do apartamento, naquela ansiedade de não
saber lidar com o tempo", lembra.
Retrato fiel de uma geração e de
suas preocupações -liberação
sexual, abuso de drogas, consumismo, Guerra Fria-, a galeria
dos personagens do quadrinista
luta hoje para se fazer entender
pelas novas gerações e pelos leitores mais "intelectualizados".
"Meu traço não é bom para retratar o futuro. Corro o risco de não
falar a língua da moçada", preocupa-se ele, que há tempos se mudou para o meio do mato, em
uma chácara no pico do Jaraguá.
Além das tiras, "Geraldão", a revista, traz algumas das charges
que Glauco realizou durante as
guerras do Afeganistão e do Iraque. Uma prova de que, como
chargista, consegue ainda melhor
do que nunca lidar com os assuntos -e com os absurdos- da
atualidade. "Apesar da tristeza
que é uma guerra, gostei muito do
resultado [das charges]. É como
passear no exterior e depois ter
que voltar para casa", compara.
GERALDÃO. Autor: Glauco.
Lançamento: Opera Graphica Editora.
Quanto: R$ 4,90 (36 págs., cor).
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