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DANÇA
Grupo Grial transforma arte popular em contemporânea
RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em sua primeira gestão
como secretário de Cultura
de Pernambuco, nos anos 90,
o escritor Ariano Suassuna,
79, superou bons percalços
na peleja em busca da arte
comprometida com a cultura
popular. Daí nasceram projetos como o Grupo Grial de
Dança, que chega a São Paulo
com "Brincadeira de Mulato", amanhã e sábado, às 20h,
e domingo, às 19h, na galeria
Olido (av. São João, 473, tel.
0/xx/11/3334-0001).
Inspirada no cavalo-marinho (teatro de rua que agrega
dança, música e poesia), a peça trata, segundo a coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo,
43, "de pessoas que sempre
brincaram para escapar da
realidade e que, em dado momento, não distinguem o que
é brincadeira do que não é".
Os intérpretes, eles próprios trabalhadores da zona
da mata pernambucana, não
são propriamente bailarinos.
São brincantes, participantes do folguedo popular que
aprendem a dança com seus
pais e avós -entre eles está
Mestre Martelo, 71, personagem real que serviu também
de inspiração para a peça.
Formada em dança pela
Universidade de Paris (Sorbonne) e ex-integrante do
Balé Popular de Recife, Maria Paula é o único vértice
com formação erudita do
Grial. "Nossa pesquisa é sobre como, ao se conscientizar de seu corpo, o brincante
mostra erudição em sua linguagem", diz Maria Paula.
Nesse ponto intermediário, há espaço para um vídeo,
que, ao interferir na coreografia, torna-se meio cenário, meio protagonista. Mas é
a criação contemporânea
que está a serviço dos intérpretes, e não o inverso. "Caso
contrário, ficaríamos presos
a uma linguagem muito ocidental, de formas e regras,
que é tudo o que evitamos."
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