São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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DANÇA

Grupo Grial transforma arte popular em contemporânea

RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em sua primeira gestão como secretário de Cultura de Pernambuco, nos anos 90, o escritor Ariano Suassuna, 79, superou bons percalços na peleja em busca da arte comprometida com a cultura popular. Daí nasceram projetos como o Grupo Grial de Dança, que chega a São Paulo com "Brincadeira de Mulato", amanhã e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, na galeria Olido (av. São João, 473, tel. 0/xx/11/3334-0001).
Inspirada no cavalo-marinho (teatro de rua que agrega dança, música e poesia), a peça trata, segundo a coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, 43, "de pessoas que sempre brincaram para escapar da realidade e que, em dado momento, não distinguem o que é brincadeira do que não é".
Os intérpretes, eles próprios trabalhadores da zona da mata pernambucana, não são propriamente bailarinos. São brincantes, participantes do folguedo popular que aprendem a dança com seus pais e avós -entre eles está Mestre Martelo, 71, personagem real que serviu também de inspiração para a peça.
Formada em dança pela Universidade de Paris (Sorbonne) e ex-integrante do Balé Popular de Recife, Maria Paula é o único vértice com formação erudita do Grial. "Nossa pesquisa é sobre como, ao se conscientizar de seu corpo, o brincante mostra erudição em sua linguagem", diz Maria Paula.
Nesse ponto intermediário, há espaço para um vídeo, que, ao interferir na coreografia, torna-se meio cenário, meio protagonista. Mas é a criação contemporânea que está a serviço dos intérpretes, e não o inverso. "Caso contrário, ficaríamos presos a uma linguagem muito ocidental, de formas e regras, que é tudo o que evitamos."


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