São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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QUADRINHOS

"Mas Ele Diz que Me Ama" é diário da crise

Autora desenha a história real de relacionamento abusivo em HQ

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Rosalind Penfold tinha 35 anos, uma carreira bem-sucedida e uma vida independente e próspera no verão de 1990, quando conheceu Brian, "o homem mais maravilhoso do mundo".
Dez anos depois, com ajuda psicológica, ela conseguiu juntar os cacos de sua personalidade para se livrar de um alcoólatra agressivo e infiel, o mesmo Brian.
Sua história está contada em "Mas Ele Diz que Me Ama", "graphic novel" que a Ediouro lança agora no Brasil. Rosalind Penfold é um nome fictício usado pela autora para contar seu drama real, com o objetivo de exorcizar seus demônios e de alertar, pelo exemplo, outras vítimas de relacionamentos violentos.
A obra de Penfold -um diário desenhado por ela mesma ao longo dos dez anos em que viveu com Brian- não é simples de ser lida. Como é externo ao caso, o leitor pode achar que o relato dramático é simplista e pouco racional. Vendo os sucessivos abusos, há uma tendência a culpar a vítima ("Por que ela aturou isso?"), desviando o foco do abusador.
Vista de dentro, a questão é muito mais complexa e é isso que Penfold tenta mostrar com seu livro. "Pessoas envolvidas em relacionamentos abusivos costumam confundir intensidade com intimidade. Aquilo parece íntimo, porque é muito pessoal, mas intimidade requer confiança -e não existe confiança em relacionamentos abusivos", escreve.
O grande mérito de "Mas Ele Diz que Me Ama" é mostrar que, muitas vezes, o que prende as vítimas às relações violentas não é o abusador, mas a destruição de sua personalidade e amor-próprio.
Mas Ele Diz que Me Ama
Editora: Ediouro Quanto: R$ 35, em média (262 págs.)


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