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QUADRINHOS
"Mas Ele Diz que Me Ama" é diário da crise
Autora desenha a história real de relacionamento abusivo em HQ
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Rosalind Penfold tinha 35 anos,
uma carreira bem-sucedida e
uma vida independente e próspera no verão de 1990, quando conheceu Brian, "o homem mais
maravilhoso do mundo".
Dez anos depois, com ajuda psicológica, ela conseguiu juntar os
cacos de sua personalidade para
se livrar de um alcoólatra agressivo e infiel, o mesmo Brian.
Sua história está contada em
"Mas Ele Diz que Me Ama", "graphic novel" que a Ediouro lança
agora no Brasil. Rosalind Penfold
é um nome fictício usado pela autora para contar seu drama real,
com o objetivo de exorcizar seus
demônios e de alertar, pelo exemplo, outras vítimas de relacionamentos violentos.
A obra de Penfold -um diário
desenhado por ela mesma ao longo dos dez anos em que viveu
com Brian- não é simples de ser
lida. Como é externo ao caso, o
leitor pode achar que o relato dramático é simplista e pouco racional. Vendo os sucessivos abusos,
há uma tendência a culpar a vítima ("Por que ela aturou isso?"),
desviando o foco do abusador.
Vista de dentro, a questão é
muito mais complexa e é isso que
Penfold tenta mostrar com seu livro. "Pessoas envolvidas em relacionamentos abusivos costumam
confundir intensidade com intimidade. Aquilo parece íntimo,
porque é muito pessoal, mas intimidade requer confiança -e não
existe confiança em relacionamentos abusivos", escreve.
O grande mérito de "Mas Ele
Diz que Me Ama" é mostrar que,
muitas vezes, o que prende as vítimas às relações violentas não é o
abusador, mas a destruição de sua
personalidade e amor-próprio.
Mas Ele Diz que Me Ama
Editora: Ediouro
Quanto: R$ 35, em média (262 págs.)
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