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Greve no MinC pode fechar museus
Ministro tenta que governo aprove plano reivindicado por funcionários, que prometem parar em todo o país a partir de terça
Se não houver solução até julho, instituições do Rio com potencial turístico
poderão ficar fechadas durante o Pan-Americano
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério da Cultura lança na segunda-feira seus editais
para este ano. Mas o clima no
dia poderá não ser de comemoração. Os mais de 2.000 servidores da cultura prometem entrar em greve em todo o país na
terça-feira, fechando museus,
bibliotecas e outros serviços.
No mesmo dia, se for confirmada a reunião, o ministro Gilberto Gil discutirá o assunto
com os colegas do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Casa
Civil, Dilma Roussef. Para permanecer no cargo no segundo
mandato de Lula, ele disse ao
presidente, em dezembro passado, que uma das condições
era a aprovação do Plano Especial de Cargos da Cultura.
Ambição dos servidores desde a criação do ministério, em
1985, o plano teve há dois anos
uma versão concluída após negociações com representantes
do governo. Desde então, está
em estudos no Planejamento,
como confirma o ministério.
A greve de cem dias realizada
em 2005 tinha o objetivo de
pressionar o governo, mas os
servidores só conseguiram ganhar uma gratificação para aumentar seus vencimentos. Hoje, o salário-base de um servidor de nível superior é R$ 565,
podendo chegar a R$ 2.500
com as três gratificações.
Na prática, o plano prevê a
incorporação das gratificações
aos salários, que seriam reajustados. Os profissionais de nível
superior ganhariam entre R$
2.955 e R$ 5.594, de acordo
com a função; os de nível intermediário (da área administrativa, por exemplo), entre R$
1.560 e R$ 2.955; e os de nível
auxiliar (contínuos e outros),
entre R$ 1.489 e R$ 1.864.
Ainda haveria gratificações
para quem faz mestrados, doutorados, cursos de formação
técnica ou de aperfeiçoamento.
"Dizem que vai haver essa
reunião [entre ministros] na
terça, mas várias outras foram
canceladas nos últimos meses.
Agora, a gente não acredita
mais. Só vamos voltar a trabalhar quando o plano for aprovado", diz Paula Nogueira, do comando de greve.
A assessoria do Ministério da
Cultura confirma o que Gil tem
dito: que "o pleito é legítimo e
que estão sendo feitos esforços
no âmbito do Planejamento".
Se não houver uma solução
até julho, poderão ficar fechadas durante os Jogos Pan-Americanos instituições do Rio com
potencial turístico, como a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Paço
Imperial. Cerca de 60% dos
servidores trabalham no Rio.
Ao lado da Petrobras, patrocinadora, Gil lança na segunda
de manhã o edital para festivais
de música e, à tarde, os para financiamento de projetos de
teatro, dança, circo, artes visuais e música -estes ligados à
Funarte (Fundação Nacional
de Arte). Os editais estavam
previstos para o primeiro trimestre, mas foram adiados juntamente com a posse do novo
presidente, Celso Frateschi,
convidado em janeiro, mas que
só assumiu em 26 de abril.
No caso do Projeto Pixinguinha, o edital não selecionará todos os artistas, adotando um
"modelo híbrido", segundo a
Funarte.
Embora o ministério acredite que a greve não atrapalhará
as inscrições para os editais,
funcionários da Funarte prevêem problemas se a paralisação demorar.
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