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Mostra paralela é a que causa mais entusiasmo
DO ENVIADO A VENEZA
Nos últimos dias, os comentários mais entusiasmados sobre arte, em Veneza, não recaíram sobre a Bienal ou um dos
36 eventos oficiais relacionados a ela, mas sim para a pequena e surpreendente "Artempo
-Quando o Tempo Se Torna Arte", que segue até 7 de outubro,
no Pallazzo Fortuny.
O palácio do século 14, em estilo bizantino, antiga sede de
uma fábrica de tecidos, reuniu
um time de quatro curadores
que incluiu Jean-Hubert Martin, o responsável por "Magiciens de la Terra" (que quer dizer mágicos da terra), no Centro Pompidou, em 1989, que se
tornou lendária ao reunir lado
a lado artistas europeus, asiáticos, africanos e latinos, como
Cildo Meireles.
O sucesso de "Artempo" -a
fila para entrada chegava a quase uma hora no último fim de
semana- se baseia em dois
princípios: realizar diálogos
inesperados e ativar o espaço
do próprio palácio.
Ousadia
No primeiro caso, os curadores se mostraram ousados em
suas relações, como ao expor
uma das emblemáticas telas
cortadas de Lucio Fontana junto a uma cadeira com tecido parecido, ou uma escultura do século 18, da cabeça de uma mulher com véu, em mármore de
carrara, junto com o vídeo da
cabeça de uma mulher com o
cabelo se movendo lentamente, de Yael Davids, de 2001.
Já no segundo caso, o Fortuny mantém seu mobiliário e
as paredes forradas de tecidos
reunidos ao longo dos séculos e,
nesse ambiente, as obras contemporâneas praticamente desaparecem no espaço, criando
uma espécie de charada, que o
visitante precisa desvendar.
Por exemplo: é difícil perceber a diferença entre uma escultura de Louise Bourgeois e
uma esfera fálica do século 2
a.C., enquanto a marcação temporal em textos budistas se torna tão contemporânea como
uma obra de On Kawara.
Ao expor num ambiente tão
inusitado nomes como Francis
Bacon, Marina Abramovic,
Marcel Duchamp, Anish Kapoor, Yves Klein ou Thomas
Ruff, Martin e seu grupo reafirmam que curadores ainda têm
muito a dizer.
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