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Exposição comemora 80 anos de Flavio-Shiró
Mostra, a ser realizada em agosto de 2008 no Instituto Tomie Ohtake, integrará os festejos do centenário da imigração japonesa
LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Flavio-Shiró tem raízes diversas. O artista -que se define
como "uma figueira brava, ligado a três continentes por raízes
aéreas, alimentadas por seivas
complementares e de contraste"- nasceu no Japão e emigrou para a Amazônia aos 3
anos. Há 50 anos, divide seu
tempo entre a França e o Brasil.
Depois de expor em Paris, em
maio, na embaixada brasileira,
Shiró mergulha em nova exposição que tem um grande valor
simbólico: será inaugurada em
São Paulo, em agosto do ano
que vem, no Instituto Tomie
Ohtake, no contexto do centenário da imigração japonesa.
Além disso, com essa mostra
Flavio-Shiró comemora seus
80 anos, que completa em 27 de
agosto de 2008. A exposição terá curadoria de Paulo Herkenhoff e reunirá obras de 1941
até as atuais que está pintando.
A exposição de São Paulo só
ganhará contornos definitivos
quando o artista for ao Brasil
este ano para um encontro com
Herkenhoff e Ricardo Ohtake.
Todo ano, Shiró passa os meses de julho a dezembro no Rio,
onde tem casa, perto da igreja
da Glória, restaurada por ele
próprio, como o apartamento
de Paris, no bairro do Marais.
Ao explicar por que se instalou no Rio e não em São Paulo,
onde passou a juventude, Flavio-Shiró diz que ama as cidades femininas como Rio, Paris e
Veneza. E foi por estar no Rio
que o artista não viveu o terrível verão parisiense de 2003,
quando várias pessoas, sobretudo idosos, morreram, em
conseqüência do calor. Entre
os mortos na "canicule", seu
amigo, o fotógrafo carioca Alécio Andrade. "Um carioca vir
morrer de calor em Paris é uma
grande ironia do destino", diz.
Quando Shiró recebeu a Folha em seu apartamento térreo, que tem jardim interno e
até mesmo uma árvore frondosa, estava totalmente envolvido
nos preparativos da exposição
da sala Krajcberg, na embaixada. O artista ficou feliz com o
debate em que o então candidato Nicolas Sarkozy lançou condenando a herança de maio de
68. Sua exposição ganhou em
atualidade pois se chamava
"Autour de 1968" e tinha telas
dessa época, além de algumas
fotos que ele fez dos conflitos
nas ruas de Paris. O acaso quis
que maio de 68 voltasse aos jornais, "reciclando" a exposição.
O apartamento do artista no
Marais fica num prédio do século 15, repleto de história. Ele
próprio reformou totalmente o
local, que tinha se transformado em depósito do antigo mercado Les Halles. O belo apartamento, construído com pedras
mais antigas que o Brasil, foi
minuciosamente decorado
com objetos escolhidos pelo
olho exigente de Shiró.
Apesar do orgulho de mostrar seu trabalho como arquiteto e decorador, Shiró faz uma
restrição. Ninguém tem autorização para ver o ateliê, o santo
dos santos, vedado a artistas,
críticos e curiosos.
Por isso, os quadros da exposição do ano que vem são segredo bem guardado pelo artista,
que a embaixadora do Brasil na
França, Vera Pedrosa, define
como "um sábio".
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