São Paulo, sexta-feira, 12 de junho de 2009

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Photoespaña destaca anos 70 e opta pelo banal

Reunião de 74 mostras sobre fotografia acontece em 4 cidades até 26 de julho

Exposições se espalham por capital espanhola e exibem produção de nomes como Sherman, Richter e García-Alix, entre outros artistas

MARIO GIOIA
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Gerhard Richter, Cindy Sherman, Malick Sidibé, Alberto García-Alix, Pedro Costa, Walid Raad. Parece a escalação de uma boa Bienal (não vazia), mas são alguns dos 259 artistas presentes em 74 exposições da 12ª edição do Photoespaña, que segue em cartaz em Madri e outras três cidades até 26 de julho. Unida sob o tema do cotidiano e com curadoria do português Sergio Mah, a extensa programação tem como um de seus principais destaques "Anos 70 - Fotografia e Vida Cotidiana", em cartaz no teatro Fernán Gomez, perto do Museu do Prado, e que exibe séries de imagens de 27 artistas.
"É a década que é um espelho da cultura contemporânea, quando observar a banalidade é base das narrativas", afirma Mah, 39, que assina a curadoria da mostra junto do britânico Paul Wombell. "E, em tempos de YouTube e Facebook, descrever o ordinário, o cotidiano, é uma qualidade."
Entre os 27 artistas, há nomes consagrados como o de Sophie Calle, com registros fotográficos de amigos e desconhecidos dormindo em sua cama; o malinês Malick Sidibé, Leão de Ouro pelo conjunto da obra na Bienal de Veneza passada, que exibe fotos feitas em festejos em seu país; e os norte-americanos Cindy Sherman, com sua iconografia feminina, e William Eggleston, com seus registros feitos no interior dos Estados Unidos.
No entanto, artistas menos em evidência também exibem produções de interesse na exposição, como a dupla alemã Gabriele e Helmut Nothhelfer, que enfoca figuras perdidas em festejos cívicos; e o sueco Anders Petersen, que mostra a série "Café Lehmitz", feita no submundo de Hamburgo.
Ou o japonês Kohei Yoshiyuki, que mostra "Parque", série feita com filme infravermelho em Tóquio, tendo como centro frequentadores e voyeurs em busca de sexo casual. A suíço-brasileira Claudia Andujar encerra "Anos 70..." com fotos realizadas na rua Direita, no centro de São Paulo.

Richter
Outra exposição de peso é a dedicada a fotografias pintadas do alemão Gerhard Richter, uma das estrelas da cena de arte contemporânea. A Fundação Telefônica abriga 410 imagens, a maioria vista pela primeira vez, de momentos domésticos da vida do artista, rodeado por familiares e amigos, ou em férias.
"São registros absolutamente íntimos, muitos deles dados a amigos, nos quais Richter faz intervenções com sobras de tinta", diz o alemão Markus Heinzelmann, 44, curador da exposição, ao lado de Mah. O bloco histórico de mostras fotográficas também não decepciona, com exposições da norte-americana Dorothea Lange (1895-1965) e do espanhol Bartolomé Ros (1906-1974), entre outros.
O destaque do segmento é o italiano Ugo Mulas (1928-1973), que produziu algumas das mais famosas imagens dos protagonistas da pop art americana, como Robert Rauschenberg (1925-2008), e alguns registros memoráveis de outros nomes, como o de Lucio Fontana (1899-1968).


O jornalista MARIO GIOIA viajou a convite do Centro Oficial de Turismo Espanhol e da Iberia


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