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"TÃO DISTANTE"
Japonês faz quebra-cabeça com imagens
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Tão Distante" é um filme
sobre a busca pelo sentido
da vida. Ou, tão somente, sobre a
busca. Que é o que fazem quatro
pessoas que revisitam o lugar onde seus parentes se suicidaram,
após terem assassinado outros.
Eles faziam parte de uma seita
religiosa radical que tentava encontrar a verdade da vida ou, como diziam, o absoluto. A sede era
uma casa no meio da mata, cujo
isolamento deixava meio claro
que o intuito não era mais tentar
entender, e sim negar o tal mundo
civilizado, partindo para outro
que era mais um delírio na selva.
O mundo, de fato, não é dos melhores para ninguém. A câmera
de Hirokazu Kore-eda mostra, inclusive, o cotidiano do executivo,
do nadador, da professora e do
rapaz da floricultura. Há problemas e solidões mas também alegrias e amores, o que faz desse
ambiente um ponto de partida
factível para reformar a vida.
Os parentes vão até o local para
celebrar seus mortos, o que não
deixa de ser uma celebração da vida em meio ao enigma da tragédia. Lá, encontram Sakata, que fez
parte da seita. Filosófico, a religião
para ele era mais auxílio do que
fuga. Agora estará junto ao quarteto rememorando alguns eventos. Algo que o filme, fiel aos seus
personagens, também faz através
de vários flashbacks que montam
as peças do quebra-cabeça.
Sendo um filme de Kore-eda,
será um quebra-cabeça que nada
explica e que só se retém nos momentos, nas imagens filmadas. Na
vida, portanto, já que não há outro sangue correndo nas veias do
cinema que não a imagem.
Tão Distante
Distance
Direção: Hirokazu Kore-eda
Produção: Japão, 2001
Com: Arata Yusuke, Iseya Susumu
Quando: a partir de hoje no Top Cine
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